O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se pronunciou nesta terça-feira (3), em sua conta do X, antigo Twitter, a respeito do caso do policial militar que atirou um homem de uma ponte. O crime aconteceu em Cidade Ademar, bairro da Zona Sul da capital paulista.
O caso veio à tona um dia depois de outro PM à paisana ser flagrado executando, com tiros pelas costas, um jovem negro que havia furtado quatro pacotes de sabão em uma unidade da loja de conveniência Oxxo, localizada no bairro Jardim Prudência, Zona Sul de São Paulo.
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Tarcísio fez questão de ressaltar “a Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas”.
O governador garantiu que o “policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve”, prometeu ele.
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“Descontrole da tropa”, afirma o ouvidor
Por sua vez, Claudio Silva, ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, reagiu com indignação nesta terça-feira (3), aos dois recentes assassinatos cometidos pela Polícia Militar (PM) que chocaram todo o país.
Em nota oficial enviada à Fórum, o ouvidor afirma que ambos os casos mostram "descontrole da tropa".
"Os dois casos, com desfechos tristes e evitáveis são eloquentes quanto ao descontrole da tropa aliada à sensação de impunidade que reveste esses agentes – resta perguntar quem a outorgou, pois sabe-se que na PM a hierarquia é o principal dogma", escreve Silva.
Segundo Silva, a Ouvidoria já abriu procedimento para apurar os casos, bem como acionou a Corregedoria da PM pedindo o afastamento dos policiais, as imagens das câmeras corporais dos agentes e eventuais vídeos de monitoramento interno dos locais dos fatos.
"Sabemos, entretanto, que essas medidas não estão sendo eficazes para o estancamento desse derramamento de sangue em nosso estado, fruto de uma política de morte e vingança, constantemente legitimada pela maior autoridade de Segurança Pública do Estado, que é a SSP, quando emite notas onde, nas entrelinhas, homologa comportamentos inadequados de agentes públicos que deveriam servir e proteger as pessoas", emenda Claudio Silva.
Leia a íntegra da nota:
"Na noite passada uma série de videos veiculados pela imprensa chegaram ao nosso conhecimento e dão a medida do descontrole da tropa na combalida segurança pública de nosso estado. O primeiro caso, já tratado por esta Ouvidoria, sobre a morte de Gabriel Renan da Silva Soares no estacionamento do Oxxo no Jardim Prudência, na Zona Sul da capital, em 3 de novembro, desmonta a versão oficial com os videos mostrando o jovem negro sendo executado com 11 tiros pelas costas por policial militar supostamente de folga, mas que evidentemente poderia estar ali em “bico” não oficial, o que é proibido. As investigações nos dirão o que o policial efetivamente fazia naquele local.
No segundo caso, imagens mostram um policial militar jogando um homem do alto de uma ponte na Zona Sul em São Paulo na madrugada desta segunda-feira. Os demais PMs presentes na ocorrencia, que poderiam atuar para que o inexplicável gesto não ocorresse, nada fazem no entanto.
Os dois casos, com desfechos tristes e evitáveis são eloquentes quanto ao descontrole da tropa aliada à sensação de impunidade que reveste esses agentes – resta perguntar quem a outorgou, pois sabe-se que na PM a hierarquia é o principal dogma.
Sobre o segundo caso, já determinamos abertura de procedimento no âmbito da Ouvidoria, acionaremos a Corregedoria da PM, pediremos o afastamento dos policiais, solicitaremos ainda as imagens das COP’s e de eventuais circuitos de monitoramento do local dos fatos.
Sabemos, entretanto, que essas medidas não estão sendo eficazes para o estancamento desse derramamento de sangue em nosso estado, fruto de uma política de morte e vingança, constantemente legitimada pela maior autoridade de Segurança Pública do Estado, que é a SSP, quando emite notas onde, nas entrelinhas, homologa comportamentos inadequados de agentes públicos que deveriam servir e proteger as pessoas.
Veja-se, por exemplo, o caso do pequeno Ryan de 4 anos, que nessa semana completa 1 mês, onde o porta voz da PM, ao admitir que a criança foi alvejada pela PM, defende absurdamente a redução da maioridade penal. Já no caso do estudante Marco Aurélio, ocorrido na Vila Mariana, a nota da SSP inicialmente disse que o jovem investiu contra os PMs, algo desmentido posteriormente pelas imagens do estabelecimento comercial. Tudo isso vai construindo na subjetividade desses policiais uma sensação de que estão protegidos e “garantidos” por quem deveria exigir deles a boa prestação de serviço público.
Diante de tudo isso, há ainda por parte da Secretaria de Segurança a montagem de uma Ouvidoria paralela, ferindo a lei, a austeridade e o bom-senso, enquanto a tropa segue descontrolada, colocando a vida dos cidadãos, culpados ou inocentes em permanente risco.
São Paulo, 03 de dezembro de 2024
Prof. Claudio Silva
Ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo".