VÍDEO

Marinha faz ameaça velada ao governo Lula

Peça publicitária da força armada usa o Dia do Marinheiro para mandar recado de tom político

Marinha divulga vídeo publicitário com ameaça velada ao governo Lula.Militares da Marinha com uniformes camuflados em treinamentoCréditos: Reprodução
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Um vídeo divulgado neste domingo (1) pelos perfis oficiais da Marinha do Brasil nas redes sociais vem sendo interpretado por internautas como uma ameaça velada ao governo Lula

Trata-se de uma peça publicitária que faria parte das comemorações do Dia do Marinheiro. Acontece que a data é celebrada apenas em 13 de dezembro e o vídeo em questão passa um recado de que os membros da Marinha não aceitarão perder "privilégios"

Em 1 minuto e 16 segundos, o vídeo em questão intercala imagens de civis em atividades "normais", como compartilhando momentos com a família, fazendo festas ou viajando, com cenas de militares da Marinha em treinamentos ou operações oficiais.

A ideia é passar a mensagem de que os militares viveriam um cotidiano difícil ou arriscado, enquanto as pessoas que não compõem a força armada teriam vidas mais "confortáveis". Isso tudo com uma música de suspense ao fundo e a sugestão de que quem teria privilégios seria a sociedade civil, e não os militares 

Ao final do vídeo, uma jovem militar pergunta em tom irônico: "Privilégios? Vem pra Marinha". Assista abaixo: 

A peça publicitária vem sendo interpretada como uma ameaça ao governo Lula pois foi divulgada apenas dois dias após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentar o pacote de medidas que visam cortar gastos e que prevê cortes no orçamento das Forças Armadas e alterações nos regimes de previdência e pensão dos militares

Nos bastidores, comandantes das Forças Armadas têm se mostrado insatisfeito com o fato de Lula propor cortes nos privilégios de militares e o vídeo deixa claro que a Marinha não está disposta a ceder.

A Marinha e os "tanques prontos" para o golpe 

Em nota à imprensa divulgada na última quarta-feira (27), a Marinha do Brasil negou que tenha disponibilizado "tanques prontos" para atuar em um possível golpe de Estado articulado por Jair Bolsonaro no dia 4 de janeiro de 2023. A informação aparece em um diálogo entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o tenente-coronel Sergio Ricardo Cavaliere interceptado pela Polícia Federal e revelado no relatório sobre o planejamento golpista, tornado público nesta terça-feira (26).

"As mensagens encaminhadas pelo contato RIVA ainda confirmam a adesão do Almirante ALMIR GARNIER ao intento golpista. RIVA diz: 'O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos'. Em resposta, o interlocutor diz que o '01', referindo-se a JAIR BOLSONARO, deveria ter 'rompido' com a Marinha (MB), que o Exército e a Aeronáutica iriam atrás", diz a PF sobre capturas de tela (prints) encaminhadas por Cavaliere a Mauro Cid.

Ex-comandante da Marinha, Almir Garnier é um dos militares de alta patente indiciados na OrCrim golpista de Bolsonaro. No entanto, no dia 4 de janeiro de 2023, a Força Naval já estava sob o comando de Marcos Sampaio Olsen, nomeado por Lula após indicação articulada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.

Na nota, a Marinha nega que tenha preparado veículos e tropas para a tentativa de golpe.

"Em relação às matérias veiculadas na mídia que mencionam "tanques na rua prontos para o golpe", a Marinha do Brasil (MB) afiança que em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito", diz o comunicado.

"Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais", emenda a nota divulga pela assessoria de imprensa.

Por fim, a Marinha afirma que "assegura que seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência".

"Ademais, a MB encontra-se à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações que se fizerem necessárias para o inteiro esclarecimento dos fatos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça", conclui.