A defesa do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, um dos ‘kids pretos’ (integrante das Forças Especiais do Exército Brasileiro) presos pela Polícia Federal, disse que o militar está disposto a falar o que sabe sobre a trama de golpe de Estado que pretendia manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, ao final de 2022, inclusive com a intenção de assassinar o presidente Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A advogado Jeffrey Chiquini, que defende o ‘kid preto’, afirmou que foi o próprio militar que decidiu falar às autoridades, mudando de ideia em relação à postura anterior, que era de se manter em silêncio. Rodrigo Bezerra Azevedo é o único dos presos na Operação Contragolpe que não consta como indiciado no relatório final da PF enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), repassado então à PGR. Ainda assim, o tenente-coronel pode ter o nome dele incluído entre os investigados.
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PF acha pen drive estarrecedor com ‘kid preto’
A Polícia Federal informou que apreendeu um pen drive repleto de informações sobre a execução do golpe de Estado que tinha por finalidade impedir a posse do então presidente eleito Lula (PT), ao final de 2022, e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. O dispositivo foi encontrado na casa do tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, membro dos chamados ‘kids pretos’, as unidades de Forças Especiais do Exército Brasileiro.
Ele estava lotado no quartel do grupo em Goiânia (GO) e está preso desde o dia 19 de novembro, quando foi detido no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
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De acordo com os federais que atuam no inquérito, no pen drive havia uma planilha organizada em colunas que traziam subdivisões como “fato”, “dedução” e “conclusão”, e toda a estratégia que deveria ser conduzida para o golpe se consumar, como realização de novas eleições, expedição de mandados de prisão contra agentes públicos que atuaram no processo eleitoral anterior e a criação de um gabinete de crise. O que chamou a atenção mesmo foi o trecho em que estava prevista a prisão de ministros do STF, com destaque para Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o primeiro apontado como um “gerador de instabilidade”.
No material existia ainda informações idênticas a outras encontradas com outros investigados, como os detalhes para se criar uma narrativa falsa convincente para colocar em descrédito o sistema eleitoral e garantir que Bolsonaro pudesse seguir na Presidência da República com uma “legitimidade” aparente. O ‘kid preto’ entendia, conforme as informações do pen drive, que uma estrutura jurídica deveria ser construída em parceria com o Superior Tribunal Militar (STM), o que em sua visão daria “legalidade” às ações golpistas criminosas. Ou seja, um verdadeiro delírio do oficial.