GOLPISMO

Marinha nega "tanques prontos" para o golpe de Bolsonaro às vésperas do 8/1

Relatório da PF revelou troca de mensagens em que o tenente Sergio Cavaliere envia a Mauro Cid prints de um interlocutor que diz que Almir Garnier, ex-comandante da Força Naval, tinha "tanques no arsenal prontos"

Jair Bolsonaro e Almir Garnier em navio da Marinha.Créditos: Flickr / Marinha do Brasil
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Em nota à imprensa, divulgada nesta quarta-feira (27), a Marinha do Brasil negou que tenha disponibilizado "tanques prontos" para atuar em um possível golpe de Estado articulado por Jair Bolsonaro (PL) no dia 4 de janeiro de 2023. A informação aparece em um diálogo entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o tenente-coronel Sergio Ricardo Cavaliere interceptado pela Polícia Federal e revelado no relatório sobre o planejamento golpista, tornado público nesta terça-feira (26).

"As mensagens encaminhadas pelo contato RIVA ainda confirmam a adesão do Almirante ALMIR GARNIER ao intento golpista. RIVA diz: 'O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos'. Em resposta, o interlocutor diz que o '01', referindo-se a JAIR BOLSONARO, deveria ter 'rompido' com a Marinha (MB), que o Exército e a Aeronáutica iriam atrás", diz a PF sobre capturas de tela (prints) encaminhadas por Cavaliere a Mauro Cid.

Ex-comandante da Marinha, Almir Garnier é um dos militares de alta patente indiciados na OrCrim golpista de Bolsonaro. No entanto, no dia 4 de janeiro de 2023, a Força Naval já estava sob o comando de Marcos Sampaio Olsen, nomeado por Lula após indicação articulada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.

Na nota, a Marinha nega que tenha preparado veículos e tropas para a tentativa de golpe.

"Em relação às matérias veiculadas na mídia que mencionam "tanques na rua prontos para o golpe", a Marinha do Brasil (MB) afiança que em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito", diz o comunicado.

"Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais", emenda a nota divulga pela assessoria de imprensa.

Por fim, a Marinha afirma que "assegura que seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência".

"Ademais, a MB encontra-se à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações que se fizerem necessárias para o inteiro esclarecimento dos fatos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça", conclui.

Leia a nota na íntegra