O aprofundamento das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado levada a cabo por militares das Forças Armadas que tinha por finalidade manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, iniciada no fim de 2022, após a vitória do presidente Lula (PT) na eleição, vem trazendo à tona cada vez mais informações sobre a complexa teia que envolveu a conspiração.
À margem das questões mais factuais que envolveram a intentona e que constam no inquérito da Polícia Federal, algumas relações do hoje ex-presidente de extrema direita com atores do levante criminoso saltam aos olhos, sobretudo quando analisadas sob o aspecto histórico.
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Os principais nomes do núcleo operacional do golpe, inclusive cinco dos quatro investigados presos por supostamente terem tramado os assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes, têm em comum o fato de serem militares das chamadas Forças Especiais (FE), mais conhecidos como “kids pretos”. Seriam a “elite” do ramo terrestre brasileiro das Forças Armadas, algo muito valorizado entre os integrantes da caserna.
E é justamente por isso que Jair Bolsonaro se aproximou desses elementos para concretizar seu intento golpista. Mas não só. Ele nunca escondeu que carrega uma profundíssima frustração por ter sido um militar medíocre e, especialmente, por não ter sido aceito nas Forças Especiais por duas vezes.
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“Meus amigos forças especiais: não cheguei até lá. Tentei por duas vezes fazer o curso de comandos, mas nos exames preparatórios, que não foram os físicos, fui deixado para trás”, disse o então presidente numa sessão solene realizada na Câmara dos Deputados para homenagear os “kids pretos”, em julho de 2019.
“Gostaria de ter tentado o curso de comandos e uma vez aprovado, sabendo da dificuldade do curso, tentar ser forças especiais lá atrás. Não tive sucesso”, ainda acrescentou Bolsonaro, claramente triste e frustrado, em público. Quem assistia ao ato, e recebia as homenagens, era o comandante à época do 1° Batalhão de Forças Especiais do Exército Brasileiro, sediado em Goiânia, general Mário Fernandes, hoje preso sob acusação de ter sido o chefe do plano para matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.