Um áudio enviado pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que consta no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado levada a cabo nos momentos finais do mandato do antigo ocupante do Palácio do Planalto, mostra que a conspiração contra o então presidente eleito Lula (PT), para evitar sua posse, teria início no dia da diplomação do petista, 12 de dezembro de 2022, mesma data em que Brasília foi sacudida por ações terroristas realizadas por "militantes" de extrema direita, que na verdade eram integrantes militares do governo.
A mensagem confirma o que a reportagem investigativa da Fórum já informava no dia seguinte, 13 de dezembro: tudo havia sido tramado no Planalto, com a coordenação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), então chefiado pelo general Augusto Heleno.
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“Dia 12 seria... Teria que ser antes do dia 12, né? Mas com certeza não vai acontecer nada. E sobre os caminhões, pode deixar que eu vou comentar com ele, porque o Exército não pode ‘papar mosca’ de novo, né? É área militar, ninguém vai se meter”, diz Cid na gravação obtida pelo diário carioca O Globo, dirigindo-se ao general Mário Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, o homem que teria comandado o plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, segundo a investigação da Polícia Federal.
Cid diz a Fernandes que o tempo estaria se esgotando e que seria necessário realizar as ações visando o golpe até o dia da diplomação, exatamente como ocorreu. Em 12 de dezembro, com Lula e Alckmin sendo confirmados com diplomas como vencedores do pleito de outubro, a capital federal sofreu uma onda de destruição que foi desde carros e ônibus incendiados até uma tentativa de invasão da sede da PF.
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“Não, pode deixar, general. Vou conversar com o presidente. O negócio é que ele tem essa personalidade às vezes, né? Ele espera, espera, espera, espera pra ver até onde vai, né? Ver os apoios que tem. Só que às vezes o tempo tá curto, né? Não dá pra esperar muito mais passar, né?”, completa o então ajudante de ordens de Bolsonaro.