Na última quinta-feira (21), o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Caso seja condenado nos três crimes, Bolsonaro pode ficar inelegível até 2060.
Dessa maneira, desde que foi indiciado, Jair Bolsonaro, seus filhos e aqueles que faziam parte de seu petit comité durante o seu governo colocaram em curso a estratégia de transformar a investigação da Polícia Federal em um mero capricho político do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
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O objetivo é óbvio: construir o discurso de que Alexandre de Moraes usa a estrutura do STF para perseguir o ex-presidente, como se ele não tivesse cometido crime nenhum... algo que não se sustenta, visto que o ex-mandatário está inelegível até 2023 por ter usado a estrutura governamental para desqualificar o processo eleitoral de 2022.
Com esse quadro, Jair Bolsonaro voltou a atacar com virulência o ministro Alexandre de Moraes e, neste domingo (24), usou as redes sociais para fazer um ataque inacreditável, mas que também beira o ridículo, contra o magistrado da Suprema Corte.
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Na lente política de Bolsonaro, Alexandre de Moraes trava uma "guerra" contra ele e seus filhos, e é isso o que ele dá a entender com uma publicação em seu perfil no X, que reproduzimos abaixo. Agora, o alvo de Moraes é o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho "02" do ex-presidente.
Em um vídeo que circula pelos canais bolsonaristas, Bolsonaro aparece fora de si e afirma que a PF é "a polícia criativa" do ministro.
Bolsonaro rompe silêncio e fala sobre plano para matar Moraes
Vídeo que circula pelos canais bolsonaristas nas redes sociais mostra o ex-presidente Jair Bolsonaro em um salão de cabeleireiro conversando com uma pessoa que não aparece, apenas filma o momento e faz algumas perguntas para o líder da extrema direita brasileira sobre a prisão dos militares envolvidos no plano para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Em tom de deboche, Bolsonaro responde que tudo o que veio à tona com o relatório da Polícia Federal “é uma história absurda”.
"É uma história absurda essa coisa de golpe... vai dar golpe com general da reserva e quatro oficiais superiores, pelo amor de Deus! Quem estava coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Pelo amor de Deus, não fique colocando chifre em cabeça de cavalo”, inicia Jair Bolsonaro.
Em seguida, o ex-presidente defende os militares que foram presos. "Esses que estão sendo presos injustamente agora de forma preventiva. Não encontra um só respaldo na lei que faz a preventiva pra prender esses quatro oficiais”, disse.
Por fim, Bolsonaro afirma que a tentativa de sequestro de Alexandre de Moraes é uma invenção da Polícia Federal e tira sarro do fato de um dos agentes não ter encontrado um táxi e abortado a missão.
“Golpe agora não se dá mais com tanque, se dá com táxi e parece que o sequestro não saiu porque não tinha táxi na hora, pelo amor de Deus. É uma piada essa PF criativa do Alexandre de Moraes”, conclui Bolsonaro.
Confira a declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro no vídeo abaixo:
Flávio Bolsonaro publica texto bizarro sobre o pai e passa vergonha
O desespero tomou conta da família Bolsonaro, e a prova disso é o texto patético que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou neste domingo (24) sobre o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi indiciado pela Polícia Federal (PF), juntamente com mais 36 pessoas, por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
No texto, em que Flávio Bolsonaro copia a estrutura discursiva utilizada por Donald Trump na disputa presidencial deste ano nos EUA, na qual venceu a democrata Kamala Harris, o senador vitimiza o seu pai e o coloca como um grande perseguido do sistema, que teria feito muitas coisas pelo Brasil, enquanto o presidente Lula seria a sua antítese, ou seja, aquele que nada fez e faz pelo povo brasileiro.
"Você não precisa gostar do Bolsonaro ou concordar com tudo o que ele diz. Ele não é perfeito, e ninguém vai transformar o país da noite para o dia. Mas pare por um momento e reflita: quem está do outro lado? O que esse lado já fez pelo Brasil? Quem são os aliados que o cercam?", inicia Flávio Bolsonaro.
Em seguida, Flávio afirma que "Lula tem o discurso macio, sabe mexer com as emoções e promessas que tocam os mais necessitados. Mas veja: estiveram no poder por quase 20 anos. E o que mudou? O Brasil prosperou ou se afundou? Só o Lula governou por 10 anos, e ainda hoje diz que vai 'acabar com a fome'. Um nordestino com tanto tempo no poder... e o que realmente fez pelo Nordeste?"
Temendo que o seu pai seja abandonado pelo campo conservador, Flávio planta uma armadilha para os aliados: "Agora pense: 60 milhões de votos e a direita vai simplesmente jogar isso no lixo? Sim, a direita não tem dono. Somos um movimento plural, com diversas lideranças capazes de mobilizar multidões em todo o país. Mas hoje, há uma figura que simboliza força, que desafia os retrocessos, que pode resgatar o orgulho do verde e amarelo e devolver a esperança aos brasileiros."
Inspirado na vitória de Trump, o filho "01" de Jair dispara: "Os números não mentem. Hoje, Bolsonaro está numericamente à frente de Lula. E eles sabem disso. Sabem que, se Bolsonaro voltar ao jogo – e ele vai voltar –, ele tem tudo para retornar à Presidência em 2026."
Apesar da horda bolsonarista insistir no discurso de que Jair Bolsonaro é o mais forte para disputar 2026, o ex-presidente está inelegível até 2030 e, a depender do desdobramento do indiciamento da PF e de futuras condenações, a inelegibilidade deve aumentar, podendo chegar até 2061, caso seja condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Dessa maneira, Jair Bolsonaro e seu entorno buscam criar uma confusão na cabeça de parte do eleitorado, colocando o ex-presidente como "perseguido pelo sistema" por ser, supostamente, o único capaz de vencer Lula em 2026. E é dessa maneira que Flávio Bolsonaro termina seu bizarro texto: "Não precisa gostar do Bolsonaro. Não precisa aplaudir cada decisão ou palavra que ele diz. Você só precisa pensar no que realmente importa: sua família, o futuro dos seus filhos e o destino do Brasil. Hoje, só existe um nome que pode vencer Lula. E esse nome é Jair Bolsonaro."