FASCISMO BOLSONARISTA

Rapto de Lula e Moraes: Cid volta à PF para explicar pontos que teria omitido sobre golpe

Dados recuperados pela PF com software israelense revela que Cid pode ter omitido informações importantes sobre a Organização Criminosa golpista comandada por Jair Bolsonaro. Entenda

Com cara de espanto, Mauro Cid presta depoimento na CPI do Golpe na Câmara do Distrito Federal em agosto de 2023
Mauro Cid em depoimento à CPI do Golpe na Câmara Legislativa do DF.Com cara de espanto, Mauro Cid presta depoimento na CPI do Golpe na Câmara do Distrito Federal em agosto de 2023Créditos: Antônio Cruz/Agência Brasil
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Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid presta novo depoimento às 14h desta terça-feira (19) na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, para se explicar sobre informações que ele teria omitido no acordo de delação premiada.

No acordo feito com a Justiça, Cid prometeu falar tudo o que sabia sobre a tentativa de golpe de Estado tramada pelo organização criminosa capitaneada pelo ex-presidente em troca de deixar a prisão.

No entanto, a PF, por meio de um software israelense, conseguiu recuperar dados de aparelhos apreendidos que mostram que o militar pode ter omitido dados cruciais para a investigação.

Como as novas informações são relevantes, os investigadores postergaram a finalização do relatório final sobre a OrCrim golpista, que seria entregue ao Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, neste mês, com o indiciamento de Bolsonaro e dos generais Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Paulo Sergio Nogueira, além de outros atores da cúpula do ex-governo.

Pressionado pelo ex-presidente, Cid chegou a dar entrevista à Veja dizendo que foi "pressionado a confirmar a narrativa" da PF na delação e voltou para a cadeia por tumultuar as investigações.

Ele foi solto dois meses depois, prometendo colaborar. Caso a PF confirme que ele omitiu informações importantes para se desvendar o caso, Cid pode voltar à cadeia.

Rapto de Lula e Moraes

Informações recuperadas de arquivos eletrônicos que estavam em posse do tenente coronel Mauro Cid mostram detalhes do planejamento do golpe de Estado que previa o rapto de Lula e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A descoberta fez com que os investigadores ouvissem novas testemunhas, entre elas o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o general Nilton Diniz Rodrigues, que na época era coronel e se formou nas Forças Especiais do Exército - os chamados Kids Pretos, que participaram ativamente do golpe.

As novas informações mostram que os golpistas prepararam um dossiê detalhado com informações sobre a rotina de Lula, além de nomes e até armamentos dos seguranças do presidente, que tomou posse em 1º de janeiro de 2023.

"O planejamento do golpe previa, portanto, a abordagem e captura de Lula e de Moraes pelos golpistas", diz a reportagem do Uol, que teve acesso às informações.

A PF acredita que pelas informações levantadas havia, por parte dos golpistas, a previsão de um possível confronto armado com os seguranças de Lula e Moraes.

O ministro do STF teria autorizado a PF a prorrogar as investigações por mais 60 dias diante das novas evidências. Assim, o indiciamento de Bolsonaro e da organização criminosa golpista, previsto para este mês de novembro, só deve acontecer no início de 2025.

Como funciona a tecnologia israelense

A PF utiliza tecnologias avançadas para recuperar dados apagados de dispositivos eletrônicos, como smartphones e computadores, durante investigações criminais. Uma das ferramentas empregadas é o software israelense Cellebrite Premium, desenvolvido pela empresa Cellebrite.

O software é capaz de desbloquear uma ampla variedade de dispositivos móveis, incluindo aqueles com sistemas operacionais iOS e Android, permitindo acesso total aos dados armazenados.

Mesmo que informações tenham sido deletadas, o Cellebrite pode recuperar mensagens, imagens, registros de chamadas e outros dados que ainda residam na memória do dispositivo.

A ferramenta realiza uma extração completa dos dados, preservando a integridade das informações para serem utilizadas como evidências em processos judiciais.

O uso do Cellebrite pela PF tem sido feito em diversas investigações. Por exemplo, em 2021, durante a apuração da morte do menino Henry Borel, a polícia utilizou o software para recuperar mensagens apagadas que foram cruciais para o caso. Em 2023, a PF empregou tecnologias semelhantes para recuperar conteúdos de celulares de investigados por atos antidemocráticos

O Cellebrite Premium é comercializado exclusivamente para autoridades policiais e órgãos de segurança.

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