A presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) humilhou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) após o parlamentar afirmar que planejar o assassinato de chefes de Estado "não é um crime".
O comentário de Flávio Bolsonaro se deu por meio das redes sociais após a deflagração da operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (19), que culminou na prisão de quatro militares do Exército e de um agente da PF que elaboraram um plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Declarou o senador Flávio Bolsonaro: "Quer dizer que, segundo a imprensa, um grupo de 5 pessoas tinha um plano pra matar autoridades e, na sequência, eles criariam um 'gabinete de crise' integrado por eles mesmos para dar ordens ao Brasil e todos cumpririam???
Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido.
Sou autor do projeto de lei 2109/2023, que criminaliza ato preparatório de crime que implique lesão ou morte de 3 ou mais pessoas, pois hoje isso simplesmente não é crime.
Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas."
Gleisi Hoffmann, então, respondeu a Flávio Bolsonaro: "Repugnante e antidemocrático, ao contrário do que diz Flávio Bolsonaro, é planejar o assassinato do presidente eleito, do vice e do presidente do STF, jamais a ação da Polícia e do Judiciário para desarticular a quadrilha que fez isso. Assim como o pai, que publicou artigo na Folha se arvorando como 'defensor da democracia', desafia os fatos e subestima a inteligência do país. Mentir e fugir da responsabilidade estão no DNA da família, mas está chegando a hora de pagar pelos crimes que cometeram."
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Flávio Bolsonaro faz grave ameaça contra Alexandre de Moraes
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez uma grave ameaça contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta terça-feira (19) durante sua fala na Comissão de Segurança Pública do Senado.
Completamente alterado, Flávio Bolsonaro exige que a anistia a todos os golpistas do 8 de janeiro seja aprovada e dispara contra Alexandre de Moraes.
"Eu digo o seguinte para o Alexandre de Moraes, ele tem duas opções: ou a gente aprova a anistia ampla, geral e irrestrita pra todo mundo e algum parlamentar faça uma emenda para incluir ele nessa anistia, porque ele cometeu crimes ao longo desse tempo", inicia Flávio Bolsonaro.
O senador continua: "ou a gente, da mesma forma, vai aprovar a anistia e, quando nós tivermos maioria neste Senado, a gente vai cassar o Alexandre de Moraes. Ele vai ser impedido pelos diversos crimes que ele reiteradamente está cometendo, desgraçando a vida de centenas de milhares de famílias brasileiras."
As declarações de Flávio Bolsonaro ocorrem horas após a Polícia Federal (PF) deflagrar operações em que quatro membros do Exército e um agente da PF foram presos por terem elaborado um plano para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
PF prende militares kids pretos e policial federal que planejavam assassinar Lula
A Polícia Federal (PF) prendeu, nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (19), quatro militares do Exército Brasileiro e um policial federal que planejavam um golpe de Estado no Brasil. A organização criminosa tinha planos, ainda, para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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As prisões foram realizadas na operação "Contragolpe", deflagrada pela PF após autorização de Moraes, no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no país entre o final de 2022 e início de 2023.
Os militares presos por planejarem o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, da ativa e da reserva, compõem as Forças Especiais do Exército Brasileiro, especializadas em operações de alto risco e sigilo – esses militares são conhecidos como "kids pretos".
"As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE). Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos. Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado", detalha a PF.
Segundo os investigadores, a organização criminosa mantinha um planejamento com o detalhamento de recursos que seriam necessários para a consumação do golpe de Estado e dos assassinados, e previa ainda a instalação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” que seria composto pelos próprios golpistas após as ações criminosas.
Um dos presos pela PF nesta terça foi assessor de Jair Bolsonaro até 2022 e, atualmente, integra a equipe do deputado federal e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Confira a nota da PF sobre a operação e as prisões
"A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (19/11) a Operação Contragolpe, para desarticular organização criminosa responsável por ter planejado um golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito nas Eleições de 2022 e restringir o livre exercício do Poder Judiciário.
As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE).
Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos.
Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado.
O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.
Policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, e a suspensão do exercício de funções públicas. O Exército Brasileiro acompanhou o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.
Os fatos investigados nesta fase da investigação configuram, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa".