Em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta segunda-feira (18), o ex-ministro e prefeito de Araraquara, Edinho Silva, afirmou categoricamente que "não há a menor chance" de que o PT caminhe rumo ao Centro diante do recrudescimento da ultradireita.
"Não existe a menor chance do PT ir para o Centro. Isso é um falso debate. Como é que um partido que está umbilicalmente ligado aos excluídos, aos pobres, àqueles que não têm vez e voz. É um dos partidos dos movimentos sociais, dos trabalhadores. Eu penso, inclusive, que além de ser o partido dos empregados organizados em sindicatos, que sejamos o partido dos trabalhadores que não estão hoje representados. É o partido das pautas identitárias, do conceito de democracia ampla. Como esse partido vai para o Centro?", questionou ao ser indagado por Cynara Menezes.
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Um dos cotados para substituir Gleisi Hoffmann (PT-PR) na Presidência do PT, Edinho afirmou que só aceitará a empreitada caso seja um projeto coletivo e defendeu que a sigla expanda seu diálogo diante de um novo cenário social, especialmente em relação à estrutura de trabalho que deu origem ao partido e organizações sindicais e sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
"O que nós temos é que representar os setores que representamos, mas conseguirmos dialogar com setores sociais que estão se distanciando de nós. Esse é o grande desafio do PT. Não é se afastar dos seus. É manter o pé firme no nosso campo, mas entender que precisamos dialogar com uma parcela da sociedade importante que está se distanciando de nós. A classe média operária, que gerou a massa crítica que pariu o PT, a CUT, os partidos de esquerda e a redemocratização do Brasil... Essa classe média operária está diminuindo e tem uma outra classe trabalhadora se formando que estamos com muita dificuldade de dialogar com ela", disse.
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O ex-ministro, que atuou nas Comunicações com Dilma Rousseff, acredita ainda que esse diálogo deve abranger o "empreendedorismo", que acabou tragando boa parte dessa classe média sindicalizada diante do avanço das políticas neoliberais.
"Quando a gente não dialoga com essa classe trabalhadora com a realidade dela, ela vai para o antissistema. E o que a gente tem que ter claro? O voto antissistema é da Direita, não é nosso", afirmou, enfatizando que a esquerda sempre defendeu o Estado - "diferentemente do marxismo que defende o fim do Estado" - e que hoje é preciso debater uma "reforma" desse Estado.
"Outra questão que temos que colocar na agenda é a reforma do Estado. É evidente que existe um distanciamento entre representante e representado, entre Estado e sociedade civil. E este distanciamento está virando um abismo. Você vai para a periferia e conversa, especialmente com a juventude, que entende que a política é ascensão social, que quem está na política está para ficar rico. Aquele encantamento com a política como instrumento de mudança da realidade, de transformação, esse encantamento se perdeu. E nós precisamos recuperar esse encantamento e não é com discurso. É com ações concretas. Primeiramente de diminuir esse distanciamento. As pessoas precisam entender que nós somos instrumentos da luta para transformação da vida delas", disse Edinho, que defende que haja um "reencantamento pela politica como instrumento de transformação e representatividade".
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