O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na manhã deste domingo (17) da Plenária dos Prefeitos do Urban 20 (U20), realizada no Armazém da Utopia, no Rio de Janeiro (RJ). O encontro reúne prefeitos e delegações de mais de 100 cidades do mundo.
E quero cumprimentar especialmente o prefeito do Rio de Janeiro que tenha sorte de ser prefeito dessa cidade. Ele não quer mais nada na vida, ele não quer ser prefeito de Paris, não quer ser prefeito de Berlim, não quer ser prefeito de Amsterdã, não quer nem ser prefeito da minha cidade de Gareus, ele quer continuar sendo prefeito do Rio de Janeiro, sobretudo quando eu estou na presidência, porque ele recebe muita ajuda do presidente Lula para transformar essa cidade naquilo que ela nasceu para ser, uma cidade maravilhosa.
Te podría interesar
Na sua fala, Lula destacou que os municípios "são catalisadores de mudanças profundas" e que mais da metade da população mundial vive atualmente em cidades que geram 80% do PIB global. Ao mesmo tempo, ressaltou, são palco de profundas desigualdades. "Nas cidades, os adjetivos costumam ser superlativos e os contrastes também", disse.
"Em sociedades cada vez mais desiguais, o lugar onde uma pessoa mora é determinante no seu acesso à educação, à saúde, ao trabalho e à segurança pública", pontuou. "Um quarto dos habitantes do planeta vivem em assentamentos precários. No Brasil, as mulheres negras são a maioria nesses territórios. Seus filhos são as maiores vítimas da desigualdade e da violência urbana, que todos os anos cobram um número de vidas semelhante ao das guerras mais violentas."
Te podría interesar
Ele lembrou da vereadora carioca Marielle Franco, destacando sua luta "por uma cidade mais inclusiva, uma educação pública transformadora e pelo acesso a todos de um serviço público de qualidade".
Planejamento urbano e transição ecológica
Lula também falou a respeito dos desafios das cidades em meio à crise do clima. Ele recebeu um comunicado oficial do Urban 20. Entre as solicitações dos prefeitos que assinam o documento está o investimento de US$ 800 bilhões anuais de governos nacionais e instituições de financiamento para implementação e expansão de projetos voltados a reduzir os impactos das mudanças climáticas até 2030.
"O planejamento urbano também terá um papel crucial na transição ecológica e no enfrentamento à mudança do clima, segunda prioridade do nosso G20. As cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases de efeito de estufa e 75% do consumo global de energia", apontou Lula.
Para o presidente, "a ação climática pode servir como ferramenta para uma agenda urbana mais ampla de inclusão e justiça social. A transição ecológica é uma oportunidade valiosa de gerar emprego e renda para a juventude nos grandes centros urbanos". Ele apontou que as cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana, que não pode ser negligenciada nos novos mecanismos de financiamento da transição climática.
"Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles. Existe um déficit de financiamento urbano que não consegue acompanhar o ritmo da urbanização desordenada em muitas partes do mundo como a África, a Ásia e a América Latina", disse. "Por isso, a terceira prioridade da presidência brasileira do G20 é a reforma da governança global, inclusive de sua arquitetura financeira e dos bancos multilaterais de desenvolvimento. Não será possível construir uma nova agenda urbana sem investimento e sem governança multilateral adequada."
Gaza
Assunto recorrente nos discursos do presidente, a situação de Gaza, sob ataque israelense, também foi mencionada no evento do U20.
" A Faixa de Gaza, um dos mais antigos assentamentos urbanos da humanidade, quatro mil anos antes de Cristo, teve dois terços de seu território destruído por bombardeios indiscriminados, 80% de suas instalações de saúde já não existem mais", disse. "Sob seus escombros jazem mais de quarenta mil vidas ceifadas. Não haverá paz nas cidades se não houver paz no mundo."