A coluna obteve acesso a trechos de um relatório da Polícia Federal (PF) detalhando a atuação de diversas autoridades de segurança pública do Distrito Federal nos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes golpistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Esse relatório faz parte de uma diligência mais ampla focada na apuração das responsabilidades nas falhas de segurança pública que permitiram os ataques. O documento, ainda sigiloso, busca identificar os responsáveis e avaliar a coordenação de ações de segurança antes e durante os atos.
O relatório, solicitado após o pedido do Ministro Alexandre de Moraes para a elaboração de uma análise completa sobre o papel da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), detalha o planejamento e a execução do Protocolo de Ações Integradas (PAI), elaborado em 6 de janeiro de 2023. A intenção era identificar falhas operacionais e omissões no período crítico, levando em consideração a participação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e das subsecretarias da SSP/DF.
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O documento revela inconsistências nos depoimentos de figuras centrais na SSP/DF, como Cíntia Queiroz, subsecretária de Operações Integradas, e Rosivan Correia de Souza, seu subordinado. Cíntia afirmou que o GSI foi acionado por telefone para a reunião do PAI, mas não compareceu. Já Rosivan, em seu depoimento, disse não se recordar de qualquer contato com o GSI, relatando que o e-mail com o PAI retornou devido à caixa de entrada cheia. Essas contradições chamaram a atenção dos investigadores, que agora analisam possíveis falhas de comunicação e omissões críticas no período pré-ataque.
Entre os citados no documento estão:
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- Anderson Torres (secretário de segurança pública do DF)
- Fernando Oliveira (Secretário Interino de Segurança Pública DF)
- Cíntia Queiroz (Subsecretária de Operações Integradas da SSP/DF)
- Rosivan Correia de Souza ( subordinado de Cíntia Queiroz)
- Marília Alencar (Subsecretária de Inteligência da SSP/DF)
- Jorge Henrique de Oliveira ( subordinado de Marília Alencar)
- Claudia Sousa Fernandes ( analista de inteligência da SSP/DF)
O relatório também aprofunda a avaliação das responsabilidades de Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do DF, e de Fernando Oliveira, que o substituiu interinamente. Durante os atos de 8 de janeiro, Torres estava de férias nos Estados Unidos, fato que foi comunicado ao governador Ibaneis Rocha apenas no dia 7. Em audiência, Ibaneis atribuiu a Torres a responsabilidade pelas falhas de segurança, uma declaração usada pela PF para reforçar a investigação sobre a condução do planejamento.
Ao final, o relatório sugere que a resposta insuficiente das autoridades e a desorganização no PAI foram fatores determinantes para o desenrolar dos eventos de 8 de janeiro, indicando uma possível negligência na preparação e execução das ações de segurança. As investigações ainda estão em andamento, com foco em possíveis crimes de responsabilidade e omissão das autoridades envolvidas.