Fora do segundo turno das eleições em São Paulo, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) revelou o "código" dos próximos passos da política nacional, segundo suas previsões, a uma plateia que pagou R$ 97 por cabeça - que podia ser parcelado em 12 vezes de R$ 9,70, com juros - para assistir uma palestra na sede de suas empresas, em Alphaville, no município de Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo.
Em vídeo vazado pelo jornalista Guga Noblat nas redes sociais na madrugada desta quarta-feira (9), no entanto, Marçal disse, com ares de revelação, o que já vem sendo cogitado há tempos e mostrou mágoa de Silas Malafaia, que comandou os ataques contra ele na campanha, e colocou lenha na briga do pastor com o clã Bolsonaro.
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No trecho divulgado, Marçal mente ao dizer que já existe um mandado de prisão contra Jair Bolsonaro (PL) e que, por esse motivo, Malafaia estaria se afastando do ex-presidente.
"Silas Malafaia nunca foi amigo de Bolsonaro. Ele é um aproveitador de última hora. Vou refrescar a cabeça de vocês: 2018 ele era pró-Alckmin. Quando ele viu que o povo queria o Bolsonaro, ele pulou fora do Alckmin e foi atrás de Bolsonaro. Agora, ele acaba de decretar que está pulando fora do Bolsonaro porque ele sabe do mandado de prisão que tem contra o Bolsonaro - só para vocês saber, procurador-geral da República tem um mandado de prisão contra o Bolsonaro e ele [Malafaia] já sabe e aí vai acontecer o pior com o capitão depois das eleições", disse o ex-coach, incitando o atrito de Malafaia que xingou Bolsonaro de "covarde, omisso e porcaria`" em entrevista à Folha de S.Paulo.
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Marçal, que diz ser formado em Direito, no entanto se esquece de dizer que um mandado de prisão geralmente é pedido pela Polícia - no caso de Bolsonaro a Federal - e Paulo Gonet, o procurador-geral da República apenas emite parecer sobre o pedido. Mesmo que parta da PGR, um mandado de prisão precisa passar pela Justiça, no caso o Supremo Tribunal Federal (STF), para ser cumprido. E nada, até o momento, indica que já exista um mandado de prisão contra o ex-presidente.
No poço de mágoa pós eleitoral, Marçal ainda mira Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e fiador da campanha de Ricardo Nunes (MDB), fazendo uma análise já antecipada há meses por analistas políticos, inclusive nesta Fórum.
"O que eles estão fazendo? Centrão já pegou no colo o Tarcísio no colo e já decidiu que ele é o candidato do sistema. Vocês nunca imaginariam um negócio desses, né? Só que o aproveitador [Malafaia] já mudou de barco e agora começou a falar loucuras", disse Marçal.
Poço de mágoas
Em entrevista coletiva antes da palestra, Marçal mostrou todo seu ressentimento com o processo eleitoral, em especial com a direita bolsonarista, e fez birra e exigências ao falar de um possível apoio a Nunes.
O ex-coach afirmou que só apoiaria o emedebista se o ex-presidente, o governador paulista, a quem se referiu como "goiabinha", Nunes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e Malafaia se retratassem das "mentiras" que ele alega terem sido faladas a seu respeito.
“Não vou apoiar Ricardo Nunes. Que fique registrado que ele não terá meu apoio pessoal, pela arrogância deles”, reforçou.
Antes, Marçal estimou que parte de seus eleitores vai migrar para a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno.
“Mais de 45% dos meus votos são de pessoas que não são de direita. Vocês não sabem ler as urnas. Existem seis regiões que eu conquistei com afinco onde o Lula ganhou disparado em 2022. Não tem nada a ver com direita”, pontuou. "Eu não indo para lado nenhum e liberando meu eleitorado, 45% dos meus votos o Lula com humildade vai tomar de volta."
O ex-candidato do PRTB projetou uma vitória do deputado federal psolista na disputa pela prefeitura de São Paulo.“O Boulos na minha visão, antes de eu entrar na eleição, venceria essa disputa. Agora tenho certeza que ele vence. Ele sabe sinalizar para o povo, e o Ricardo [Nunes] não sabe. O Boulos e o Lula têm a língua do povo, os outros estão só brigando. O [Silas] Malafaia está tão descontrolado que hoje chamou o Bolsonaro de covarde”, apontou Marçal.
Ele também disse acreditar que o fato de não passar para o segundo turno não teria sido em função do episódio do laudo falso sobre Boulos, mas sim por não ter chegado a "21 ondas" na campanha.
“Nós não fomos para o segundo turno, não foi por causa de laudo, não. A gente não foi para o segundo turno porque o campo de energia que eu precisava chegar, que era 21 ondas, eu não consegui bater. A gente chegou em 18 e não conseguimos entrar em outra onda. E é assim que funciona”, alegou.