Dois dias depois de cumprir sua promessa de que não haveria segundo nas eleições de São Paulo - e não houve, ao menos para ele -, Pablo Marçal (PRTB) revelou um novo engodo para enganar uma plateia com centenas de pessoas que pagaram R$ 97 para participar da palestra, transmitida ao vivo, em que ele falou sobre a derrota na disputa.
Mirando 2026 após o fracasso em São Paulo, o ex-coach afirmou que sua entrada na política é fruto de um recado divino, em uma linha direta com Deus, que o teria ungido para ocupar algo bem maior que a prefeitura paulistana.
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"Eu não vou entrar nesse assunto de 'Boules', de banana, de não sei o quê", iniciou, menosprezando os adversários Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), que disputam o segundo turno.
"Eu dei meu melhor, como competidor", disse ele, que tropeçou em um sincericídio em seguida sobre as patacoadas aprontadas na campanha. "Fiz doideira mesmo, para chamar a atenção. Não tem como fazer de outro jeito. Se fizesse do jeito que eles falam ia ficar com 5% [das intenções de votos] e ia ser massacrado ali".
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Em seguida, fez a revelação divina, como se já soubesse da derrota em São Paulo. E foi ovacionado pelos apoiadores pagantes.
"Só que meu objetivo é fazer o que Deus me chamou e eu não vou esconder - porque nunca escondi nem em entrevista. Deus me chamou para ser presidente do Brasil", disparou, sendo aplaudido pelos presentes e projetando um "wowww" - uau, em tradução livre - no telão.
Poço de mágoa
Na palestra vendida por R$ 97 - que podia ser parcelado em 12 vezes de R$ 9,70, com juros -, Marçal fez uma análise de sua derrota nas eleições em São Paulo e destilou um poço de mágoa entre os ex-companheiros da ultradireita neofascista.
Em outro trecho divulgado, Marçal mente ao dizer que já existe um mandado de prisão contra Jair Bolsonaro (PL) e que, por esse motivo, Silas Malafaia estaria se afastando do ex-presidente.
"Silas Malafaia nunca foi amigo de Bolsonaro. Ele é um aproveitador de última hora. Vou refrescar a cabeça de vocês: 2018 ele era pró-Alckmin. Quando ele viu que o povo queria o Bolsonaro, ele pulou fora do Alckmin e foi atrás de Bolsonaro. Agora, ele acaba de decretar que está pulando fora do Bolsonaro porque ele sabe do mandado de prisão que tem contra o Bolsonaro - só para vocês saber, procurador-geral da República tem um mandado de prisão contra o Bolsonaro e ele [Malafaia] já sabe e aí vai acontecer o pior com o capitão depois das eleições", disse o ex-coach, incitando o atrito de Malafaia que xingou Bolsonaro de "covarde, omisso e porcaria`" em entrevista à Folha de S.Paulo.
No poço de mágoa pós eleitoral, Marçal ainda mira Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e fiador da campanha de Ricardo Nunes (MDB), fazendo uma análise já antecipada há meses por analistas políticos, inclusive nesta Fórum.
"O que eles estão fazendo? Centrão já pegou no colo o Tarcísio no colo e já decidiu que ele é o candidato do sistema. Vocês nunca imaginariam um negócio desses, né? Só que o aproveitador [Malafaia] já mudou de barco e agora começou a falar loucuras", disse Marçal.
Em entrevista coletiva antes da palestra, Marçal mostrou todo seu ressentimento com o processo eleitoral, em especial com a direita bolsonarista, e fez birra e exigências ao falar de um possível apoio a Nunes.
O ex-coach afirmou que só apoiaria o emedebista se o ex-presidente, o governador paulista, a quem se referiu como "goiabinha", Nunes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e Malafaia se retratassem das "mentiras" que ele alega terem sido faladas a seu respeito.
“Não vou apoiar Ricardo Nunes. Que fique registrado que ele não terá meu apoio pessoal, pela arrogância deles”, reforçou.
Antes, Marçal estimou que parte de seus eleitores vai migrar para a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno.
“Mais de 45% dos meus votos são de pessoas que não são de direita. Vocês não sabem ler as urnas. Existem seis regiões que eu conquistei com afinco onde o Lula ganhou disparado em 2022. Não tem nada a ver com direita”, pontuou. "Eu não indo para lado nenhum e liberando meu eleitorado, 45% dos meus votos o Lula com humildade vai tomar de volta."
O ex-candidato do PRTB projetou uma vitória do deputado federal psolista na disputa pela prefeitura de São Paulo.“O Boulos na minha visão, antes de eu entrar na eleição, venceria essa disputa. Agora tenho certeza que ele vence. Ele sabe sinalizar para o povo, e o Ricardo [Nunes] não sabe. O Boulos e o Lula têm a língua do povo, os outros estão só brigando. O [Silas] Malafaia está tão descontrolado que hoje chamou o Bolsonaro de covarde”, apontou Marçal.
Ele também disse acreditar que o fato de não passar para o segundo turno não teria sido em função do episódio do laudo falso sobre Boulos, mas sim por não ter chegado a "21 ondas" na campanha.
“Nós não fomos para o segundo turno, não foi por causa de laudo, não. A gente não foi para o segundo turno porque o campo de energia que eu precisava chegar, que era 21 ondas, eu não consegui bater. A gente chegou em 18 e não conseguimos entrar em outra onda. E é assim que funciona”, alegou.