Alvo de uma série de xingamentos de Silas Malafaia em entrevista a Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, Jair Bolsonaro (PL) saiu pela tangente e passou pano para as críticas de seu "guru espiritual", que virou alvo de especulações sobre as pretensões políticas para 2026.
Extremamente revoltado, Malafaia destilou impropérios contra Bolsonaro, que o havia escalado no dia 7 de Setembro para bater em Marçal. O ex-presidente, no entanto, recuou após perder seguidores nas redes logo na primeira crítica ao ex-coach.
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"O eleitorado se dividiu porque Bolsonaro não desmascarou Pablo Marçal. Quem fez isso fui eu, querida", disse à jornalista. "Bolsonaro não entra em confronto quando as redes sociais estão dizendo uma coisa com força. Ele foi omisso por causa disso, e por medo de o Pablo Marçal vencer e ele ser derrotado", explicou em seguida.
Malafaia ainda expôs uma situação vexatória de Bolsonaro, dizendo que o ex-presidente o ligou em prantos com medo de ser preso durante a operação da Polícia Federal na casa dele em Mambucaba, no litoral fluminense, em janeiro deste ano.
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Ao dizer o motivo de Bolsonaro não tê-lo bloqueado nas redes durante as eleições, com a série de mensagens sobre Marçal, Malafaia revelou o episódio.
"Ele estava chorando depressivo [na casa de praia que tem] em Mambucaba [em Angra dos Reis, no Rio], perto de ser preso. Liguei pra ele e falei: 'Vai ficar chorando aí? Vamos para a rua, cara!'. Ele chorou por cinco minutos comigo no telefone antes de abrir a boca, no visor", disparou.
Eu amo ele
Indagado pelo jornal O Globo sobre os ataques sórdidos desferidos pelo seu guru, Bolsonaro tentou minimizar e fez uma declaração de amor a Malafaia.
"Eu amo o Malafaia. Ninguém critica mulher feia. Ele ligou a metralhadora, mas isso passa", amenizou Bolsonaro.
Filhos "01" e "02" de Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) reagiram de forma tímida já nesta terça-feira (8), após a divulgação dos ataques.
Em publicação no Instagram, Carlos Bolsonaro passou um longo pano para Malafaia, antes de dizer que o guru "tem meu respeito mesmo que esteja extremamente irritado por algum motivo e cometa alguns equívocos, agora atacando de forma absurda meu pai".
Ao concluir, o vereador, que costuma reagir de forma enérgica e com impropérios a quaisquer críticas ao pai nas redes, ainda desejou "do fundo do meu coração muita paz e saúde" e mandou "um forte abraço" ao detrator do pai.
Em nota à coluna de Mônica Bergamo, Flávio minimizou o ataque feroz de Malafaia usando a expressão de que "roupa suja se lava em casa e não em público".
Candidato em 2026
Os ataques de Malafaia a Bolsonaro causou uma hecatombe na ultradireita neofascista, onde pulularam várias especulações e teorias conspiratórias, como é de praxe.
Em palestra paga a aliados, Pablo Marçal disse que Malafaia estaria se afastando de Bolsonaro porque "já existe" um mandado de prisão contra o ex-presidente.
"Ele acaba de decretar que está pulando fora do Bolsonaro porque ele sabe do mandado de prisão que tem contra o Bolsonaro - só para vocês saber, procurador-geral da República tem um mandado de prisão contra o Bolsonaro e ele [Malafaia] já sabe e aí vai acontecer o pior com o capitão depois das eleições", disse o ex-coach.
Marçal ainda jogou lenha na fogueira neofascista para incitar o aprofundamento do atrito de Malafaia com o clã Bolsonaro.
"O que eles estão fazendo? Centrão já pegou no colo o Tarcísio no colo e já decidiu que ele é o candidato do sistema. Vocês nunca imaginariam um negócio desses, né? Só que o aproveitador [Malafaia] já mudou de barco e agora começou a falar loucuras", emendou - veja o vídeo.
Outra tese levantada na ultradireita é que Malafaia teria pretensões eleitorais, saindo candidato a vice em chapa presidencial conservadora em 2026 e que, por isso, atacou Bolsonaro.
Indagado pela coluna de Paulo Cappeli, no site Metrópoles, o pastor negou a empreitada no mundo político eleitoral.
“Não quero cargo público algum. As pessoas tentam deduzir nossa intenção pelo que elas próprias fariam. Não sou de partido político nenhum. Não sou nem serei candidato a nada. A chance é zero”, esquivou-se.
O guru ainda comentou o tom apaziguador dos revides do clã Bolsonaro, afirmando que "tem moral" para bater no ex-presidente.
“Avisei a Bolsonaro e filhos várias vezes que estavam sendo covardes e omissos. Então ele já sabia o que eu pensava. Eu tenho moral para falar. Continuo apoiando Bolsonaro pela história”, disse.