ELEIÇÕES 2024

Segundo turno em mais de 50 cidades será dominado por Centrão e extrema direita

Esquerda está presente em disputas em quatro capitais e confirma força no Nordeste, saldo do PT é positivo, com aumento do número de prefeituras se comparado ao resultado de 2020

Créditos: Fotomontagem (Divulgação campanhas) - Candidatos de esquerda no segundo turno em capitais: Natália Bonavides (PT), em Natal (RN); Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo (SP); e Maria do Rosário (PT), em Porto Alegre (RS)
Escrito en POLÍTICA el

Em mais de 50 cidades começa nesta segunda-feira (7) a campanha para o segundo turno para Prefeituras. Entre os municípios em que o eleitorado retornará às urnas estão 15 capitais.

Os resultados mostram um forte desempenho de partidos de centro e do PL, com o partido de direita garantido no segundo turno em nove capitais. Partidos de centro, como o MDB, PSD, PP e União Brasil, venceram a maioria dos pleitos decididos em primeiro turno. Apenas Recife viu a vitória de um partido de esquerda, o PSB, com a reeleição de João Campos.

No segundo turno, o cenário é diverso, com o PL, PT, União Brasil e outros partidos de centro e direita dominando a disputa em várias capitais.

A análise das disputas entre partidos de direita e esquerda no segundo turno das eleições municipais de 2024 revela um cenário equilibrado, mas com predominância de partidos de direita em várias capitais e grandes cidades.

PL não atingiu meta

O PL, que está fortemente associado ao bolsonarismo, tem candidatos competitivos em várias cidades importantes, como as capitais Manaus (AM), Fortaleza (CE) e Belém (PA) além de Pelotas (RS).

No entanto, o PL precisou baixar a bola ao longo do último ano. Em junho de 2023, uma publicação nas redes sociais do partido do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro destacava o crescimento da legenda e dizia que esperava eleger mais de 1.500 prefeitos nas próximas eleições.

Mais tarde, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reduziu a expectativa para cerca de mil prefeitos eleitos, contando com o apoio de viagens de Bolsonaro e Michelle Bolsonaro pelo país. Contudo, após as eleições deste domingo (6), Bolsonaro minimizou a meta, mencionando que Valdemar havia se precipitado e que a nova previsão era eleger cerca de 650 prefeitos.

No final deste domingo o PL tinha 523 prefeituras conquistadas. Em 2020, elegeu 329, um crescimento importante que tende a ser ainda maior quando se leva em conta que a legenda passou para o segundo turno em diversas cidades.

União Brasil e Republicanos, também de direita, estão em diversas disputas, com destaque para as capitais Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS) e Guarulhos (SP).

PT tem saldo positivo

O PT, o maior representante da esquerda no Brasil, está presente em disputas em quatro capitais: Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS),
São Paulo (SP) e Natal (RN). O PSOL também disputa a prefeitura de Petrópolis (RJ).

O saldo do PT nessas eleições é positivo. O partido encerrou o primeiro turno das eleições superando sua marca nas últimas disputas municipais. Neste ano, o partido foi eleito para 251 prefeituras. Em 2020, foram 183.

Em várias cidades, as eleições colocam em evidência a polarização política no Brasil. Disputas como São Paulo, com Boulos e Nunes, e Porto Alegre, com Maria do Rosário e Melo, são exemplos de embates entre campos políticos opostos.

Ao final deste primeiro turno a direita sai fortalecida, com PL, Republicanos e União Brasil, aliados ao bolsonarismo, mostrando força em diversas regiões, principalmente no Norte, Sul e Centro-Oeste.

O PT e o PSOL continuam com força em regiões tradicionalmente associadas à esquerda, como o Nordeste e algumas capitais importantes.
 
Essa eleição reafirma a polarização política no Brasil, com uma divisão clara entre os campos progressistas e conservadores em várias regiões do país.

11 capitais decidiram eleição no primeiro turno

A eleição para prefeito foi decidida em primeiro turno em 11 das 26 capitais brasileiras após o pleito realizado neste domingo (6). Dos 11 eleitos, 10 são prefeitos que conseguiram a reeleição.

  • Boa Vista (RR) - Arthur Henrique (MDB) reeleito 
  • Florianópolis (SC) - Topázio Neto (PSD) reeleito
  • Macapá (AP) - Dr. Furlan (MDB) reeleito
  • Maceió (AL) - JHC (PL) reeleito
  • Recife (PE) - João Campos (PSB) reeleito
  • Rio Branco (AC) - Tião Bocalom (PL) reeleito
  • Rio de Janeiro (RJ) - Eduardo Paes (PSD) reeleito
  • Salvador (BA) - Bruno Reis (União) reeleito
  • São Luís (MA) - Eduardo Braide (PSD) reeleito
  • Teresina (PI) - Silvio Mendes (União)
  • Vitória (ES) - Lorenzo Pazolini (Republicanos) reeleito

Em 15 capitais o destino será decidido em segundo turno, previsto para o próximo dia 27 de outubro. Algumas delas quase definiram a eleição no primeiro turno, mas candidatos como Cícero Lucena (João Pessoa) e Sebastião Melo (Porto Alegre) ficaram a menos de 1% da vitória.

Em São Paulo, a disputa foi acirrada entre Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB), com uma diferença de apenas 81 mil votos entre Nunes e Marçal.

Em Goiânia, o candidato Fred Rodrigues (PL) surpreendeu ao ficar em primeiro, mesmo após estar em terceiro nas pesquisas. Já em Campo Grande, o segundo turno será disputado por duas mulheres, Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União Brasil).

  • Aracaju (SE) - Emília Corrêa (PL) e Luiz Roberto (PDT) 
  • Belo Horizonte (MG) - Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD)
  • Belém (PA) - Igor Normando (MDB) e Delegado Éder Mauro (PL) 
  • Campo Grande (MS) - Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União)
  • Cuiabá (MT) - Abílio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT) 
  • Curitiba (PR) - Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB)
  • Fortaleza (CE) - André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT)
  • Goiânia (GO) - Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil)
  • João Pessoa (PB) - Cícero Lucena (Progressistas) e Marcelo Queiroga (PL)
  • Manaus (AM) - David Almeida (Avante) e Capitão Alberto Neto (PL)
  • Natal (RN) - Paulinho Freire (União Brasil) e Natália Bonavides (PT)
  • Palmas (TO) - Janad Valcari (PL) e Eduardo Siqueira Campos (Pode) 
  • Porto Alegre (RS) - Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT)
  • Porto Velho (RO) - Mariana Carvalho (União Brasil) e Léo (Podemos)
  • São Paulo (SP) - Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL)

Outras cidades com segundo turno

Bahia (BA)

  • Camaçari - Caetano (PT) e Flávio (União Brasil) 

Ceará (CE)

  • Caucaia - Naumi Amorim (PSD) e Waldemir Catanho (PT)

Espírito Santo (ES)

  • Serra - Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (REPUBLICANOS)

Goiás (GO)

  • Anápolis - Márcio Corrêa (PL) e Antônio Gomide (PT) 
  • Aparecida de Goiânia - Leandro Vilela (MDB) e professor Alcides (PL)

Maranhão (MA)

  • Imperatriz - Rildo Amaral (PP) e Mariana Carvalho (Republicanos). 

Minas Gerais (MG)

  • Uberaba - Elisa Araújo (PSD) e Tony Carlos (MDB)

Pará (PA)

  • Santarém - Zé Maria Tapajós (MDB) e JK do Povão (PL)

Paraíba (PB)

  • Campina Grande - Bruno Cunha Lima (União Brasil) e Jhony Bezerra (PSB)

Paraná (PR)

  • Londrina - Tiago Amaral (PSD) e Professora Maria Tereza (PP)
  • Ponta Grossa - Mabel Canto (PSDB) e Elizabeth Schmidt (União Brasil)

Pernambuco (PE)

  • Olinda  - Vinicius Castello (PT) e Mirella Almeida (PSD)
  • Paulista - Ramos (PSDB) e Júnior Matuto (PSB)

Rio de Janeiro (RJ)

  • Niterói - Rodrigo Neves (PDT) e o Carlos Jordy (PL)
  • Petrópolis - Hingo Hammes (PP) e Yuri Moura (PSOL) 
  • São João de Meriti - Leo Vieira (Republicanos) e Valdecy da Saúde (PL)

Rio Grande do Sul (RS)

  • Canoas - Airton Souza (PL) e Jairo Jorge (PSD)
  • Caxias do Sul - Scalco (PL) e Adiló (PSDB) 
  • Pelotas - Marroni (PT) e Marciano Perondi (PL)
  • Santa Maria - Valdeci Oliveira (PT) e Rodrigo Decimo (PSDB)

São Paulo (SP)

  • Barueri - Beto Piteri (Republicanos) e Gil Arantes (União Brasil)
  • Diadema - Taka Yamauchi (MDB) e Filippi (PT)
  • Franca - Alexandre Ferreira (MDB) e João Rocha (PL)
  • Guarujá - Farid Saidi Madi (PODE) e Raphael Vitiello (PP) 
  • Guarulhos - Lucas Sanches (PL) e Elói Pietá (Solidariedade)
  • Jundiaí - Gustavo Martinelli (UNIÃO BRASIL) e José Antônio Parimoschi (PL) 
  • Limeira - Betinho Neves (MDB) e Murilo Félix (PODE) 
  • Mauá - Marcelo Oliveira (PT) e Atila Jacomussi (União Brasil)
  • Ribeirão Preto - Ricardo Silva (PSD) e Marco Aurélio (Novo)
  • Santos - Rogério Santos (Republicanos) e Rosana Valle (PL) 
  • São Bernardo do Campo - Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania)
  • São José do Rio Preto - Cel. Fabio Candido (PL) e Itamar (MDB) 
  • São José dos Campos - Anderson (PSD) e Eduardo Cury (PL)
  • Sumaré - Henrique do Paraíso (REPUBLICANOS) e Willian Souza (PT) 
  • Taboão da Serra - Engenheiro Daniel (União Brasil) e Aprigio (Pode) 
  • Taubaté - Ortiz Junior (Republicanos) e Sergio Victor (Novo)

O que diz a lei sobre o segundo turno

As regras para o segundo turno das eleições no Brasil são definidas pela Constituição Federal e pela legislação eleitoral.

O segundo turno ocorre em eleições majoritárias (presidente, governador e prefeito) quando nenhum candidato alcança mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno. É obrigatório em municípios com mais de 200 mil eleitores.

Apenas os dois candidatos mais votados no primeiro turno concorrem no segundo turno, independentemente de suas porcentagens no primeiro turno. Não há possibilidade de incluir novos candidatos ou de os terceiros colocados participarem.

Somente os votos válidos (excluindo votos brancos e nulos) são considerados para a contagem dos votos no segundo turno.

O segundo turno das eleições municipais é realizado no último domingo de outubro, ou seja, em 27 de outubro de 2024 para este ciclo eleitoral.

A campanha para o segundo turno pode começar imediatamente após o anúncio oficial dos resultados do primeiro turno. Os candidatos têm tempo de propaganda eleitoral gratuito no rádio e na TV, além de poderem usar outros meios, como as redes sociais e comícios.

Os limites de gastos para o segundo turno são definidos com base nos gastos do primeiro turno. Os candidatos podem gastar até 50% a mais do que o limite estabelecido no primeiro turno.

O candidato que obtiver a maioria simples dos votos válidos (mais de 50%) no segundo turno será eleito.

Fonte: TSE