Dois dias após sequer ter sido lembrado no discurso da vitória, em que Ricardo Nunes (MDB) classificou o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) como "líder maior", Jair Bolsonaro (PL) ligou na manhã desta terça-feira (29) para conversar com o prefeito reeleito, se rastejando para obter cargos na administração da capital paulista.
Segundo Igor Gadelha, do site Metrópoles, Bolsonaro fez uma chamada de vídeo na primeira conversa com Nunes após a reeleição.
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"Segundo relatos, a ligação teve tom descontraído. Bolsonaro parabenizou Nunes pela reeleição e desejou boa sorte", diz o jornalista.
Fabio Wajngarten, que atuou na campanha de Nunes, teria feito a ligação na tentativa de passar pano no mal estar entre os dois durante a campanha.
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Cargos
Bolsonaro, no entanto, quer saber quanto levará em cargos na nova administração do prefeito, que está com dificuldades para equacionar as demandas dos 11 partidos que lhe deram apoio na eleição, além da cota destinada a Tarcísio, o "líder maior".
No entanto, Nunes já teria decidido, segundo a revista Veja, reservar apenas uma secretaria - de Mobilidade e Transporte - para a cota bolsonarista, onde deve alocar o vice, coronel Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente para que ele não fustigasse a negociata fechada com Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, em 2022.
A pasta hoje está sob o comando de Milton Leite (União), que preside a Câmara e não tentou a reeleição. Leite, no entanto, segue com influência no legislativo e não quer abrir mão de cargos na nova administração executiva da capital.
Outra opção, seria colocar Mello Araújo na Secretaria de Segurança Urbana sob o argumento de que é indicação técnica.
Nunes precisa, porém, equacionar com os cargos em primeiro escalão prometidos ao União, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD e Mobiliza, que fizeram parte da chapa, além do MDB e PL.
Os planos do prefeito reeleito vão de encontro às pretensões de Bolsonaro, que quer que Mello Araújo atue como número "02" na prefeitura, rodando a cidade e transitando entre as secretarias.
O ex-presidente trabalha com a hipótese de que as investigações contra Nunes, especialmente da Máfia das Creches, avancem, com a possibilidade de um afastamento do prefeito.
Assim, Mello Araújo assumiria a prefeitura e colocaria Bolsonaro no comando do terceiro orçamento público do Brasil - a capital paulista fica atrás apenas da União e do governo do Estado.
Para isso, Bolsonaro deve rastejar até Nunes e bajular o prefeito reeleito até a formação da nova formação do governo, que deve ser concluído até dezembro.