Prevendo cada dia mais dificuldades para reverter a condenação da Justiça Eleitoral, que o deixou inelegível até 2030, Jair Bolsonaro (PL) sinaliza que pode deixar as rusgas com a Globo de lado e embarcar na frente ampla articulada pela família Marinho para lançar o governador paulista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) na terceira via contra Lula em 2026.
Tarcísio, que já vinha sendo sondado pela Globo, ganhou força com o resultado eleitoral Em São Paulo ao se colocar ao lado de Ricardo Nunes (MDB) para derrotar Pablo Marçal (PRTB) na disputa dos votos bolsonaristas.
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Após o resultado no primeiro turno, Gilberto Kassab, presidente do PSD e assessor especial do governador, defendeu que a sigla - que fez o maior número de prefeitos nas eleições - abandone a ideia de lançar Ratinho Jr., mandatário do Paraná, e apoie a candidatura Tarcísio em 2026. As declarações foram feitas em três entrevistas sequenciais, em menos de 24 horas, em veículos da Globo.
Atacado por ter ficado em cima do muro por medo de perder seguidores ao atacar o ex-coach, Bolsonaro viu sua liderança na ultradireita arrefecer, assim como as chances de reverter a inelegibilidade.
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Apesar de dizer que pretende registrar a candidatura em 2026 - que será barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) caso a condenação seja mantida -, o ex-presidente já tem mandado sinais de que pode embarcar na candidatura Tarcísio, em conluio com a Globo, um dos alvos prediletos de seu eleitorado mais radicalizado.
O "sinal" é descrito por Bela Megale, no jornal O Globo, que afirma que "em uma rara ocasião em que admitiu a manutenção de sua inelegibilidade, Jair Bolsonaro disse que vê o governador como a opção mais indicada para entrar na corrida pelo Palácio do Planalto".
A informação é dada após o filho "01", Flávio Bolsonaro (PL-RJ), admitir ao site Metrópoles que Tarcísio é o "nome mais bem posicionado" para 2026, e o "02", Carlos Bolsonaro (PL-RJ), defender um alinhamento com o Centrão em entrevista ao portal Uol.
Reeleito para o sétimo mandato na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro - o primeiro foi em 2000, aos 17 anos, quando o pai o escalou para roubar a vaga da mãe, Rogéria Nantes -, Carlos creditou a mudança de discurso com afagos ao Centrão "porque eu amadureci".
"Dizer 'se rendeu ao centrão porque mudou discurso'. Não mudou o discurso, é maduro e sincero. A gente está aqui para deixar lições e aprendizados, e as pessoas julguem do jeito que elas quiserem no futuro. A gente sabe que tudo passa. Achar que a gente vai ficar aqui para sempre, não vai. Mas acho que a gente nunca traiu nossa consciência por mostrar que dá para você crescer de um jeito que não precisa ficar isolado", afirmou.
O filho "02" ainda disse ter consciência que sua mudança de atitude vai fazer com que "muita gente" fique "chateada" com ele por ter entrado no jogo do sistema.
"Não adianta apontar e falar: 'prefiro perder de pé do que ganhar de quatro'. Não é certo. Você tem que construir, se é minoria, se quer ocupar espaço, tem que ceder umas coisas. Enquanto a gente não é maioria, a gente tem que sempre estar jogando. Ou está fadado a ficar isolado o tempo inteiro. A escolha é de cada um. Sei que tem muita gente que vai ficar chateado com o que estou falando", disse a um dos principais grupos de mídia pró-sistema do país.
Marçal venceria Tarcísio; Lula ganha dos dois
Pesquisa Genial/Quaest publicada neste domingo (13) aponta que, se as eleições presidenciais fossem hoje, em uma disputa entre Tarcísio, apontado como o candidato do bolsonarismo ou mesmo de uma "terceira via" diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, Pablo Marçal e Lula, o atual mandatário se reelegeria para um quarto mandato.
A grande novidade do levantamento é o fato de que Pablo Marçal, que perdeu a eleição à prefeitura de São Paulo no primeiro turno, vem se tornando a maior liderança da extrema direita a nível nacional. O coach já supera as intenções de voto de Tarcísio – mas ambos perdem para Lula.
Segundo a sondagem, se eleição à presidência fosse hoje Lula teria 32% das intenções de voto, contra 18% de Marçal e 15% de Tarcísio. 18% dos eleitores se dizem indecisos, enquanto outros 18% afirmam que votarão em branco, nulo ou que não comparecerão às urnas.