O PERIGO SEGUE RONDANDO

Abin atual informava Ramagem sobre investigação da qual é alvo, diz TV

PF teria encontrado relatório delatando ações que miravam ex-chefe do órgão de inteligência. Fato mostra que setor segue aparelhado por bolsonaristas no governo Lula

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.Créditos: Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el

O governo Lula pode estar com um problemão com uma descoberta feita Polícia Federal nesta quinta-feira (25), após a realização da Operação Vigilância Permanente, que teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Pelo menos é o que diz a GloboNews, que informa que a atual administração do órgão de inteligência seguia passando informações sobre as investigações contra Ramagem para o próprio deputado.

Segundo reportagem do canal a cabo de notícias, os agentes federais encontraram no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados um relatório da Abin, produzido há pouco tempo, o informando sobre os passos realizados pela PF, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no que diz respeito ao inquérito em que ele é investigado.

“Houve uma busca e apreensão no gabinete do deputado Ramagem e a polícia encontrou, como a Isabela Camargo trouxe, além de celulares e laptops em nome dele, um relatório da Abin que informava a ele os passos sobre essa investigação. Ou seja, segundo a Polícia Federal, a Abin do governo Lula informava ao Ramagem, principal assessor de Bolsonaro na questão de inteligência, como estava a atual investigação. Então esse, para mim, Sadi, é o ponto mais importante dessa operação de hoje, porque coloca a atual administração da Abin no centro da crise... O que é que nós tínhamos até então? Na primeira fase da operação, era o número três da Abin que havia sido afastado, o Paulo Maurício [Fortunato], e hoje a Polícia Federal coloca tanto o número dois, que é o [Alessandro] Moretti, um delegado de Polícia Federal, e também o Luiz Fernando [Corrêa] no centro dessa crise, e aí precisa apurar quem produziu esse relatório, com qual objetivo e por que que estava nas mãos de um investigado. O Ramagem é o principal investigado, como é que ele era abastecido pela Abin do governo Lula sobre as investigações contra ele? Isso é um total absurdo que ainda não está esclarecido”, disse o jornalista Octavio Guedes, na atração ‘Estúdio i’.

Moraes imputa ‘Abin paralela’ diretamente a Bolsonaro

Na tarde desta quinta-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tornou pública sua decisão que autorizou a Polícia Federal a realizar a Operação Vigilância Aproximada, que teve como alvo principal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O antigo chefe da arapongagem do ex-presidente, no despacho, é apontado diretamente por Moraes como responsável pela instrumentalização do órgão público de espionagem para fins pessoais de interesse da família do ex-presidente de extrema direita.

“Os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então Presidente Jair Bolsonaro”, diz a decisão do ministro do STF.

Moraes prossegue, no documento, afirmando que as investigações apontaram que a Abin teve participação ilegal em episódios nos quais foi utilizada para defender interesses do clã, citando num primeiro momento um episódio envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), auxiliando na produção de relatórios que seriam utilizados para defender o primogênito do ex-presidente de acusações criminais.

“A utilização da ABIN para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela Procuradoria-Geral da República”, diz o despacho.