Em mais um delírio nas redes sociais, a deputada extremista Carla Zambelli (PL-SP), bajuladora contumaz de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que enviará "diretamente ao vaticano" o vídeo fake envolvendo o padre Júlio Lancellotti em um mentiroso caso de pedofilia.
A publicação foi feita pela deputada bolsonarista um dia após a Arquidiocese de São Paulo, instância máxima da Igreja Católica no estado, informar em nota oficial que arquivou a investigação por "falta de materialidade" e informou a "Santa Sé", como é conhecido o Vaticano.
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"A Arquidiocese de São Paulo, não chegando à convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia e considerando as conclusões do MPSP, bem como da Justiça Paulista, também decidiu pelo arquivamento e informou a Santa Sé", diz a nota.
No texto, a Cúria ainda alertou para os "interesses ideológicos e políticos" nas denúncias feitas contra o padre.
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"Distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade, a Cúria Metropolitana de São Paulo permanece atenta a ulteriores elementos de verdade sobre os fatos denunciados", emendou.
Revoltada com a decisão, Carla Zambelli afirmou que pretende, sabe-se lá como, driblar o comando da Igreja Católica no Brasil para enviar o vídeo fake diretamente ao Vaticano.
"O Vaticano precisa dar seu exemplo", cobrou a deputada, investigada por perseguição armada a um jornalista negro às vésperas das eleições, entre outros inquéritos.
"Se até a perícia que foi enviada em 2020 ao MP atestava a veracidade do vídeo, exatamente como as duas perícias atuais, como divulgado pela Revista Oeste, porque esse padre não foi afastado de suas atividades ainda?", bradou Zambelli na rede X, antigo Twitter.
No entanto, a deputada "esquece" de dizer que ambas as perícias - a de 2020 e a realizada na semana passada - não levam em consideração elementos básicos, como apontado pelo perito Mário Gazziro, professor adjunto de Engenharia da Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC) e pós-doutorando e pesquisador visitante na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP).
Em vídeo react, Gazziro analisou ponto a ponto o vídeo contratado pela revista de extrema-direita Oeste, feito para tentar criminalizar o padre Júlio Lancelotti. O primeiro ponto abordado por Gazziro é a divisão frame a frame que o escritório do bolsonarista Reginaldo Tirotti alega ter feito.
Segundo Gazziro, o procedimento é muito comum e não é capaz de detectar a geração de fakes. “Nós, os cientistas, estamos brigando pra tentar descobrir ferramentas pra detectar deepfake. Estão usando programas de inteligência artificial bem poderosos pra poderem detectar se um vídeo é fake ou não porque os humanos, por si só, não conseguem”.