O advogado Bruno Castro, que defende o ex-PM Ronnie Lessa no processo que o aponta que o acusado pela execução da vereadora Marielle Franco (Psol) em março de 2018 no Rio de Janeiro, deu uma entrevista ao Uol nesta quarta-feira (24) em que nega as principais informações divulgadas nesta semana sobre o caso.
Na última segunda-feira (22) diversos meios de comunicação publicaram que no âmbito de negociações em torno de uma delação premiada, Ronnie Lessa teria denunciado uma “pessoa com foro privilegiado” como a mandante pelo crime. No dia seguinte o The Intercept Brasil viralizou com uma matéria que dizia que essa pessoa seria Domingos Brazão, ex-deputado estadual no RJ e atual conselheiro do Tribunal de Contas daquele Estado. A nova revelação de Lessa corroboraria com a delação de Élcio Queiroz, também ex-PM, e apontado como o motorista do carro do crime.
Te podría interesar
Ao vivo no Uol, Castro negou e desmentiu as informações. De acordo com o advogado, seu cliente jamais negociou qualquer delação premiada ou citou Brazão em conversas. Também não teria assumido a autoria do crime. Pelo contrário, a tese da defesa é de que Lessa seria inocente.
“Nesses cinco anos em que acompanho o caso, jamais houve qualquer conversa minha com meu cliente sobre delação. Lá no começo, deixei muito claro para a família que meu escritório, por uma questão de ideologia jurídica, não faz delação premiada. Como Ronnie sempre afirmou que não havia sido ele [o autor dos disparos], esse assunto de delação jamais surgiu. Pelo menos comigo não [surgiu]”, declarou o profissional.
O advogado também explicou que não consegue responder a todas as questões sobre o cliente, uma vez que o procedimento burocrático para adentrar o presídio federal impossibilita um acesso mais frequente a Lessa. Sobre a razão pela qual Brazão reapareceu no radar, o advogado acredita na tese de que seria para “acobertar alguém”.
“Em todo esse tempo Ronnie jamais falou qualquer nome, apenas disse acreditar que sabia quem deu os tiros, pela forma como o crime foi cometido. Jamais falou de Brazão, o único que ele falou sobre foi o Marcello Siciliano, com quem não falava há muito tempo (…) A primeira pessoa acusada de matar Marielle foi o Orlando Curicica, que alegou que policiais foram até ele para assumir esse crime. Ele conseguiu sair dessa acusação e, curiosamente, menos de um mês depois, surgiu o nome do Ronnie”, declara o advogado.
A declaração do advogado sobre a não negociação de uma delação premiada é corroborada por uma nota pública emitida na última terça (23) pela Polícia Federal que afirma que não há quaisquer conversas para a delação de Ronnie Lessa e que as investigações seguem “em sigilo sem data prevista para seu encerramento” e que a “divulgação e repercussão de informações que não condizem com a realidade comprometem o trabalho investigativo e expõem cidadãos”.