E AGORA?

Após Jordy, veja quem também deve acertar contas com o STF por apoiar golpistas

Três figuras do submundo da extrema direita, fanáticos bolsonaristas que hoje têm mandatos de deputado, serão os próximos alvos da Justiça

Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el

O deputado federal bolsonarista valentão e esquentadinho Carlos Jordy (PL-RJ) recebeu a Polícia Federal bem cedo em sua casa, em Niterói (RJ), na última semana. Ao ser acordado, foi informado de que estava sendo investigado por alguma forma de participação na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, que quase fez ruir a democracia brasileira. Como era de se esperar, foi para as redes, fez seu discurso de extrema direita já muito batido, negou qualquer envolvimento e se disse vítima de uma “ditadura”.

Só que os agentes da PF já tinham todas as suas conexões com figuras sinistras que comandavam grupos de bitolados bolsonaristas que saíram ateando fogo ao país, fechando estradas e tentando derrubar o regime democrático após a vitória de Lula (PT) nas urnas. Agora, mesmo com foro privilegiado, pelo fato de ser deputado, Jordy está com um problemão com a Justiça.

Mas ele não é o único. Pelo menos três outros deputados, num curto prazo, devem ser procurados pela PF, que aparecerá devidamente munida de mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, uma vez que, de uma forma ou de outra, tiveram atuação fora da lei no momento da invasão das sedes dos Três Poderes da República. Veja quem são eles:

André Fernandes (PL-CE)

André Fernandes tem 26 anos e foi o deputado federal mais votado do Ceará nas eleições de 2022. Ele iniciou a carreira aos 20 anos, como deputado estadual, em 2018, mas ficou conhecido mesmo nas redes, tempos antes, por seus vídeos desconexos e cretinos, como um em que ensinava a depilar o ânus usando um espelho colocado no chão. Figura célebre nos esgotos do bolsonarismo, tem inúmeras acusações contra o seu mandato por propagar informações mentirosas e por ofender e caluniar pessoas.

Mas o problema maior de Fernandes está relacionado à tentativa de golpe de Estado de 2023. Ele é investigado pelo STF por publicar vídeos em seu perfil no ‘X’ (antigo Twitter) nos quais convocava manifestações contra o governo do presidente Lula, dizendo inclusive que estaria pessoalmente nos atos. Por fim, ele publicou nas redes sociais uma porta destruída e arrancada durante a invasão ao STF onde havia uma placa com o nome do ministro Alexandre de Moraes, legendando a postagem com “quem rir vai preso”.

Clarissa Tércio (PP-PE)

Aos 34 anos, Clarissa Tércio, esposa do “pastor” Junior Tércio, recebeu seu primeiro mandato em 2018, para ser deputada estadual em Pernambuco. Seu pai, o “pastor” Francisco Tércio, presidente da Assembleia de Deus Novas de Paz, uma denominação instalada em inúmeros municípios de seu estado natal, é uma figura muito conhecida nesse meio religioso, o que facilitou a entrada na vida política da hoje deputada federal.

Clarissa é um combo de reacionarismo. Ela é ultra-admiradora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fez duro discurso antivacina durante a pandemia da Covid-19, foi para porta de um hospital no Recife tentar impedir um procedimento de aborto legal de uma criança grávida em decorrência de um estupro e já recebeu condenação por transfobia.

O problema dela com o 8 de janeiro começou em decorrência de uma postagem incentivando e celebrando as ações dos golpistas de seu eleitorado. Ela escreveu em seu perfil oficial no ‘X’ que “Acabamos de tomar o poder. Estamos dentro do Congresso. Todo povo está aqui em cima. Isso vai ficar para a história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos”.

Silvia Waiãpi (PL-AP)

Ela foi eleita deputada federal pelo Amapá em 2022, mas segue sendo uma figura pífia no parlamento. Sílvia Waiãpi é conhecida mesmo por ter feito o papel da ‘índia de Uga Uga’, a rocambolesca e tosca novela da TV Globo que foi ao ar no final dos anos 90. Teve míseros 5.435 votos e é a integrante com menos votos de todo o Congresso Nacional, em que pese ser uma bolsonarista desde o início da onda de extrema direita que tomou o Brasil, tendo atuado no grupo de transição do então futuro governo de Jair Bolsonaro, além de arranjar um cargo no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), à época em que a então ministra Damares Alves estava à frente do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Ela entrou na mira do Supremo Tribunal Federal após fazer postagens no fatídico 8 de janeiro incentivando os aloprados bolsonaristas que destruíam tudo que encontravam pela frente em Brasília. “Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho”, postou nas redes.