Em meio aos ataques da ultradireita fascista ao padre Júlio Lancellotti, a Arquidiocese de São Paulo afirmou que não recebeu até a última sexta-feira (19) quaisquer denúncias sobre o religioso e que desconhece as acusações de "extrema gravidade" propagadas pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União).
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Leite é colega de partido do fundador do MBL, vereador Rubinho Nunes (União), que iniciou o mais recente levante contra o padre ao propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o trabalho de Júlio Lancelloti junto aos pobres na região central de São Paulo.
Para justificar os ataques e defender a instalação da comissão, o presidente da Câmara disse ter recebido "de extrema gravidade" contra o pároco e que as encaminharia ao Ministério Público de São Paulo, à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e ao Vaticano. A declaração foi dada por Milton Leite no início de janeiro.
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No entanto, a arquidiocese disse à coluna de Mônica Bergamo, também na Folha, que "desconhece o teor das supostas acusações mencionadas pelo vereador [Milton Leite] e lamenta não ter sido informada devidamente a seu respeito".
Na X, antigo Twitter, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) incitou as redes de ódio bolsonaristas contra o padre.
Neste fim de semana, a horda fascista voltou a atacar fortemente o religioso após laudo forjado pelo escritório do bolsonarista Reginaldo Tirotti, que repete perícia de 2020, de Onias Tavares de Aguiar, já desmontada pelo professor de engenharia de informação na UFABC e instrutor de computação forense no MBA de segurança de dados da USP, Mário Gazziro.
"Só pela investida da esquerda, judiciário e mídia em blindar o Júlio Lancellotti e acabar com a CP, já é um sinal que tem algo de muito errado com esse padre", escreveu Ferreira na ilação, incitando os apoiadores.
Perito desmonta novo laudo
Em um vídeo react, o perito Mário Gazziro analisou ponto a ponto um outro vídeo contratado pela revista de extrema-direita Oeste, feito para criminalizar o padre Júlio Lancelotti. O primeiro ponto abordado por Gazziro é a divisão frame a frame que o escritório do bolsonarista Reginaldo Tirotti alega ter feito.
Segundo Gazziro, o procedimento é muito comum e não é capaz de detectar a geração de fakes. “Nós, os cientistas, estamos brigando pra tentar descobrir ferramentas pra detectar deepfake. Estão usando programas de inteligência artificial bem poderosos pra poderem detectar se um vídeo é fake ou não porque os humanos, por si só, não conseguem”.
A seguir ele demonstra, com vídeos antigos que circulam nas redes que é perfeitamente possível alterar um vídeo. “Não existe essa coisa de detectar artefato no pescoço, olhar visualmente e detectar um deepfake. É um desafio muito grande”, afirma. Gazziro mostra então cinco vídeos idênticos com atrizes diferentes em que são trocados só o rosto.
Logo depois, o perito compara o cenário usado no vídeo e diz que os adereços, as estátuas de imagens religiosas, além de parecerem diferentes dos que aparem no vídeo apresentado, são muito fáceis de serem encontrados à venda. E ele mostra um anúncio do Mercado Livre para comprovar.
Mário Gazziro rebate o que á afirmado no vídeo de que teria sido contratado pela Revista Fórum para fazer uma perícia. “A Revista Fórum não contrata. Nós fazemos um trabalho de extensão universitária pró-bono (gratuito) pra todo mundo”, explica.
Veja estes e outros pontos que são desmontados por Gazziro no vídeo.