FASCISMO BOLSONARISTA

Padre Júlio: Arquidiocese rebate presidente da Câmara; Nikolas incita rede do ódio

Milton Leite, do mesmo partido do fundador do MBL que propôs CPI, disse que mandaria "acusações" até ao Vaticano. Religioso foi alvo de novo levante da horda fascista após "laudo" produzido por bolsonarista.

Padre Júlio Lancellotti e Nikolas Ferreira.Créditos: Instagram / Pablo Valadares - Câmara dos Deputados
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Em meio aos ataques da ultradireita fascista ao padre Júlio Lancellotti, a Arquidiocese de São Paulo afirmou que não recebeu até a última sexta-feira (19) quaisquer denúncias sobre o religioso e que desconhece as acusações de "extrema gravidade" propagadas pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União).

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Leite é colega de partido do fundador do MBL, vereador Rubinho Nunes (União), que iniciou o mais recente levante contra o padre ao propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o trabalho de Júlio Lancelloti junto aos pobres na região central de São Paulo.

Para justificar os ataques e defender a instalação da comissão, o presidente da Câmara disse ter recebido "de extrema gravidade" contra o pároco e que as encaminharia ao Ministério Público de São Paulo, à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e ao Vaticano. A declaração foi dada por Milton Leite no início de janeiro.

No entanto, a arquidiocese disse à coluna de Mônica Bergamo, também na Folha, que "desconhece o teor das supostas acusações mencionadas pelo vereador [Milton Leite] e lamenta não ter sido informada devidamente a seu respeito".

Na X, antigo Twitter, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) incitou as redes de ódio bolsonaristas contra o padre.

Neste fim de semana, a horda fascista voltou a atacar fortemente o religioso após laudo forjado pelo escritório do bolsonarista Reginaldo Tirotti, que repete perícia de 2020, de Onias Tavares de Aguiar, já desmontada pelo professor de engenharia de informação na UFABC e instrutor de computação forense no MBA de segurança de dados da USP, Mário Gazziro.

"Só pela investida da esquerda, judiciário e mídia em blindar o Júlio Lancellotti e acabar com a CP,  já é um sinal que tem algo de muito errado com esse padre", escreveu Ferreira na ilação, incitando os apoiadores.

Perito desmonta novo laudo

Em um vídeo react, o perito Mário Gazziro analisou ponto a ponto um outro vídeo contratado pela revista de extrema-direita Oeste, feito para criminalizar o padre Júlio Lancelotti. O primeiro ponto abordado por Gazziro é a divisão frame a frame que o escritório do bolsonarista Reginaldo Tirotti alega ter feito.

Segundo Gazziro, o procedimento é muito comum e não é capaz de detectar a geração de fakes. “Nós, os cientistas, estamos brigando pra tentar descobrir ferramentas pra detectar deepfake. Estão usando programas de inteligência artificial bem poderosos pra poderem detectar se um vídeo é fake ou não porque os humanos, por si só, não conseguem”.

A seguir ele demonstra, com vídeos antigos que circulam nas redes que é perfeitamente possível alterar um vídeo. “Não existe essa coisa de detectar artefato no pescoço, olhar visualmente e detectar um deepfake. É um desafio muito grande”, afirma. Gazziro mostra então cinco vídeos idênticos com atrizes diferentes em que são trocados só o rosto.

Logo depois, o perito compara o cenário usado no vídeo e diz que os adereços, as estátuas de imagens religiosas, além de parecerem diferentes dos que aparem no vídeo apresentado, são muito fáceis de serem encontrados à venda. E ele mostra um anúncio do Mercado Livre para comprovar.

Mário Gazziro rebate o que á afirmado no vídeo de que teria sido contratado pela Revista Fórum para fazer uma perícia. “A Revista Fórum não contrata. Nós fazemos um trabalho de extensão universitária pró-bono (gratuito) pra todo mundo”, explica.

Veja estes e outros pontos que são desmontados por Gazziro no vídeo.