O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou as redes sociais nesta quarta-feira (17) para homenagear a ministra Nísia Trindade, da Saúde, no dia do seu aniversário. Considerada uma referência em saúde pública e a primeira mulher a chefiar a pasta, ela foi a responsável pela reconstrução do Ministério após o sucateamento proporcionado ao longo do Governo Bolsonaro.
“Hoje é aniversário da ministra Nísia Trindade, grande referência em saúde pública e ciência. Desejo muita força, saúde e felicidades para seguir fortalecendo o SUS e a saúde pública no Brasil. Um abraço”, escreveu o presidente Lula.
Te podría interesar
Quem é Nísia Trindade
Nísia Trindade é doutora em Sociologia (1997), mestra em Ciência Política (1989), pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj - atual Iesp), e graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/ 1980). A tese de doutorado de Nísia Trindade, cujo título é "Um sertão chamado Brasil", conquistou o prêmio de Melhor Tese de Doutorado em Sociologia no Iuperj.
Nísia é pesquisadora de produtividade de nível superior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sua produção teórica possui reconhecimento por aprofundar o diálogo entre a ciência e a sociedade. A produção de Nísia Trindade é apontada como referência na área do pensamento social brasileiro, história das ciências e saúde pública.
Te podría interesar
A pesquisadora estava na presidência da Fiocruz desde 2017 quando foi convidada para compor o governo. Também já foi diretora da Casa Oswaldo Cruz (1988-2005), unidade da instituição voltada para a pesquisa e memória em Ciências Sociais, história e saúde. Também participou da elaboração do Museu da Vida, que hoje é um dos museus mais premiados do Brasil.
Uma das marcas da carreira acadêmica de Nísia Trindade é o trabalho interdisciplinar e de cooperação internacional. Foi responsável por organizar as comemorações do centenário da Fiocruz e dos 500 anos do descobrimento do Brasil (2000). Entre 2004 e 2005 coordenou na Fiocruz o Ano do Brasil na França em colaboração com instituições, tais como, a EHESS, Instituto Pasteur, Inserm, CNRS.
No ano de 2005, tornou-se membro dos comitês científico e executivo do 4º Congresso Mundial de Centros de Ciências - 4SCWC, sediado pelo Museu da Vida e Fiocruz. Posteriormente, integrou a comissão organizadora das Comemorações do Centenário da Descoberta da Doença de Chagas.
Já como presidenta da Fiocruz, Nísia Trindade participou da proposta feita pelo Brasil à Organização Mundial da Saúde, em 2019, para declarar o dia 14 de abril como o Dia Mundial da Doença de Chagas, considerada uma das doenças mais negligenciadas do mundo.
Coordenou a Rede Zika Ciências Sociais, que é parte da Zika Alliance Network (2018), um consórcio de pesquisa multinacional e multidisciplinar composto por 54 parceiros em todo o mundo. E também foi membro do grupo de trabalho do Plano de Ação Global da OMS (2018), que tem por objetivo otimizar a pesquisa global sobre os sistemas de saúde ao redor do mundo, e também compôs o grupo consultivo da OMS para a implementação da Agenda 2030 (2019).
Observatório Covid-19
Nísia Trindade também esteve à frente em várias ações de combate à Covid-19. Entre elas, criou um novo Centro Hospitalar no campus de Manguinhos; coordenou no país o ensaio clínico Solidarity da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Também atuou para aumentar a capacidade nacional de produção de kits de diagnóstico e processamento de resultados de testagens; organizou ações emergências junto a populações vulneráveis e ofereceu cursos virtuais para trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre manejo clínico e atenção hospitalar para pacientes de Covid-19.
Atuou na elaboração do manual de biossegurança em escolas, que se tornou laboratório de referência para a OMS em Covid-19 nas Américas.
Em nível internacional, ministrou treinamento em diagnóstico laboratorial do novo coronavírus para especialistas da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.
Destaque também para a criação do Observatório Covid-19, rede transdisciplinar que realiza pesquisas e sistematiza dados epidemiológicos; monitora e divulga informações para subsidiar políticas públicas sobre a circula do novo coronavírus e seus impactos sociais em diferentes regiões no Brasil.
Outro destaque foi a inauguração do Biobanco COVID-19 (BC19-FIOCRUZ) em dezembro de 2021. O Biobanco será um legado para o Brasil, auxiliando pesquisadores na busca por respostas rápidas para futuras emergências de saúde pública.
Além disso, em setembro de 2021, a Fundação foi selecionada pela OPAS/OMS como centro de vacinas de mRNA. O Instituto de Tecnologia em Imunobiologia (Bio-Manguinhos) tornou-se um dos dois centros de desenvolvimento e produção de vacinas com tecnologia mRNA da América Latina.
No ministério
Nísia assumiu em janeiro de 2023 um Ministério da Saúde completamente destruído e que era central para o novo Governo Lula no que se refere ao atendimento à população. Sobretudo após as desastrosas gestões do Governo Bolsonaro, resumidas na figura do general Eduardo Pazuello que, ao tomar posse, disse que não “sabia o que era o SUS”. O resultado não poderia ser diferente: mais de 700 mil mortos na pandemia em meio a um caos de negacionismos científicos diversos.
Nos primeiros meses Nísia arrumou a casa e bateu de frente com o chamado “centrão” que queria rifar a pasta. Não demorou para que anunciasse R$ 600 milhões para reduzir filas de cirurgias no SUS e o aumento em quase três vezes do orçamento do SUS para atendimentos de saúde mental.
Em julho, estava ao lado do presidente Lula quando o programa Mais Médicos foi relançado e ela se viu aclamada pelo público que acompanhava o anúncio.
Em agosto criou o memorial de homenagem às vítimas da Covid-19, que ficará localizada no Centro Cultural do Ministério da Saúde (CCMS), no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com a ministra, o projeto se trata de uma “política de memória”.
Em setembro ela lutou contra a PEC 10/2022 que autoriza a venda de plasma sanguíneo para a indústria farmacêutica e, na prática, criaria um mercado legalizado de sangue humano. À época, Nísia também defendeu o impulsionamento da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).
Meses depois, em novembro, também esteve ao lado de Lula quando foi sancionada uma importante lei de reparação histórica: a que garante indenizações a familiares de doentes de hanseníase que foram isolados pelo Estado Brasileiro no começo do século XX.