Depoimentos e trocas de mensagens obtidos pela Polícia Federal no âmbito da Operação Akuanduba - que investiga o tráfico de madeira ilegal sob consentimento do Ibama para os EUA - mostram que Walter Mendes, ex-superintendente do Ibama no Pará pediu perdão a madeireiros por fiscalização e ameaçou matar subordinados.
Walter foi coronel das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) e foi colocado no cargo para atuar como um xerife local de Ricardo Salles na pasta. Tanto ele como seu ex-chefe se tornaram réus na semana passada, acusados pelo Ministério Público de formarem uma organização criminosa com foco em crimes ambientais.
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Em janeiro de 2020, três contêineres de madeira ilegal foram retidos nos EUA por falta de documentação. Roberto Pupo, então presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex), fez movimentações para tentar liberar a carga.
Nas mensagens obtidas pelos investigadores, Pupo se surpreendeu com a conversa que teve com Walter Mendes.
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“Pessoal, se eu contar para vocês que o novo superintendente do Ibama pediu desculpas pela ‘c@gada’ criada com a falta de emissão das autorizações, vocês acreditam?”, escreveu Roberto Pupo.
“E se eu disser que o novo sup. [Walter Mendes] vai emitir por conta própria e por dever do ofício as autorizações dos contêineres que estão navegando ou já chegaram no destino que tiveram seus pedidos de autorização protocolados no prazo?”, complementou.
Servidores do Ibama que estiveram em uma reunião com Mendes em 2020 afirmam que o policial da ROTA ameaçou um servidor de morte, afirmando que iria matar e atirar em quem tentasse "enfiar no c dele". A ideia era silenciar servidores que poderiam denunciar as suas supostas práticas ilegais no comando da superintendência.
O MPF se surpreendeu com a subserviência de Mendes aos entes privados beneficiados pelo tráfico de madeira ilegal aos EUA. Ele foi demitido do seu cargo em novembro de 2020, após a revelação do escândalo de madeira ilegal dentro do Ibama.