DIVERGÊNCIAS

Metralhadora giratória: Quaquá ataca Marina Silva, feministas e se refere às travestis no masculino

Membro da executiva nacional do PT, o deputado afirma que "a esquerda está muito fundamentalista"

Metralhadora giratória: Quaquá ataca Marina Silva, feministas e se refere às travestis no masculino.Créditos: Câmara dos Deputados
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O deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ), que também é membro da executiva nacional do Partido dos Trabalhadores, deu uma entrevista à revista Veja onde faz uma série de críticas aos movimentos LGBT, feministas, à presidenta nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), e à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Nikolas Ferrera e Carla Zambelli

Ao responder sobre o fato de ter votado pela absolvição de Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP) no Conselho de Ética, Quaquá afirma que não viu motivação para a cassação dos mandatos dos dois parlamentares bolsonaristas. "O plenário da Casa não é um picadeiro de circo para o deputado fazer palhaçada, como o Nikolas Ferreira fez ao vestir uma peruca, mas isso não é motivo para cassar o mandato. A esquerda está muito dogmática, fundamentalista", disse.

Em seguida, Quaquá afirma que os seus críticos são da classe média e que tem o direito de discordar. "Tenho 52 anos de idade, entrei no PT aos 14 anos, cresci na favela, e aí vem alguém de classe média que nunca fez nada por ninguém, que fica o dia inteiro numa rede social: 'ah, mas a militância'. Que militância. Tenho o direito de discordar. O PT é, até que se prove o contrário, um partido democrático. Tem que jogar para a plateia dentro do PT, uma plateia de classe média, lacerdista, udenista e de esquerda. O Brizola chamava isso de 'UDN de macacão'. Temos hoje uma UDN de sunguinha, aquele militante da Praia de Ipanema".

Divergências com Gleisi Hoffmann

Durante a conversa, Quaquá também fala sobre suas divergências com Gleisi Hoffmann, presidenta do PT. "Nós temos divergências, muitas públicas, o que é natural, mas acho que a gente, para sustentar o governo Lula, tem de ter uma base ampla no Congresso, em especial fazendo uma aliança com o Lira e com o Centrão, que nos entregam a maioria para fazer as políticas que queremos. É pragmatismo político. A visão da Gleisi é estreita em relação a alianças, às relações políticas. E eu já disse isso para o Lula e para ela".

Críticas à equiparação da LGBTfobia ao racismo

Para o deputado, o eleitor do PT é pobre e conservador nos costumes. "O povo que gosta do PT e do Lula é o mais pobre deste país, é um povo mais conservador, inclusive nos costumes. Por exemplo: querem igualar a questão do preconceito ao LGBTQIA+ ao racismo. Isso não tem cabimento. O racismo não é um problema de comportamento, é uma chaga estrutural. Você não pode querer comparar uma pessoa que muda de sexo com a história de toda uma população negra que sofreu tantas agruras. Existem exageros na pauta comportamental que isolam a esquerda das pessoas".

Questionado se o PT não deve satisfação ao eleitorado da Zona Sul, Quaquá se refere às travestis no masculino. "Mas será que o travesti de esquerda, que está na favela passando fome, tem a mesma pauta das meninas de classe média da Zona Sul? A esquerda está assumindo o discurso da Zona Sul. Eu não ouço mais um movimento de mulheres para falar de creche para as crianças. Todo dia eu vejo gente pedindo creche, porque a mãe precisa trabalhar. É o básico", diz Quaquá.

Críticas à Marina Silva

Quando perguntado quais outras posturas da esquerda o incomodam, Quaquá mira na ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. "Precisamos tirar da mão do Ibama e do Ministério Público a decisão sobre os grandes investimentos do país. Por exemplo, no caso da foz do Amazonas, não tem cabimento o que a ministra Marina Silva está fazendo. Talvez seja uma das maiores de petróleo do mundo, que pode levar o Brasil a outro patamar, melhorando sobremaneira a vida do povo, e a ministra fica atrapalhando o desenvolvimento do país. Ninguém aguenta um país desse jeito", desabafa.

Por fim, Quaquá afirma que vai escrever um livro sobre o assunto. "Eu faço política, não fundamentalismo religioso. Sou de um tempo em que essas pautas eram importantes, mas nunca foram prioritárias para o PT. A esquerda inverteu as prioridades. Não é à toa que o velho eleitor do PT tem abandonado o partido nas periferias, vem se afastando de nós por conta de uma pauta comportamental que virou prioridade e não deveria ser", conclui Quaquá.