O TERROR DA LAVA JATO

Tacla Duran, que acusa Moro de vender sentenças, ironiza ex-juiz após nova bomba de Tony Garcia

Documentos entregues por Tony Garcia ao STF mostram que Moro tentou usar ex-delator para grampear e investigar autoridades ilegalmente

Rodrigo Tacla Duran e Sergio Moro.Créditos: /Fotos: Reprodução/Palácio do Planalto/Divulgação
Escrito en POLÍTICA el

O advogado Rodrigo Tacla Duran, um dos principais alvos da operação Lava Jato, voltou a provocar Sergio Moro (UB-PR) após o empresário e ex-delator Tony Garcia apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos que provariam uma atuação ilícita do senador em sua época de juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba. 

Garcia, alega ter desempenhado o papel de agente infiltrado de Moro em 2004, entregou ao STF documentos de um acordo de colaboração premiada que revelam uma suposta tentativa do ex-juiz de investigar ilegalmente desembargadores, juízes e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), incluindo o uso de grampos ilegais.

Acusado de realizar lavagem dinheiro para a Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran foi uma das primeiras pessoas a denunciar as práticas criminosas realizadas por Sergio Moro e pelo ex-chefe da força-tarefa no Ministério Público Federal (MPF), o então procurador Deltan Dallagnol. Há anos o advogado acusa a dupla de extorsão e de venda de sentenças

Nesta sexta-feira (29), Duran foi às redes sociais para ironizar o novo revés de Moro diante dos documentos entregues por Tony Garcia ao STF. 

"Russo, era juiz, delegado, procurador, testemunha, vítima e advogado de defesa, no mesmo processo…", escreveu o ex-advogado da Odebrecht. 

Confira: 

Moro teria tentado grampear e investigar autoridades ilegalmente

O ex-deputado estadual paranaense e ex-delator Tony Garcia, que alega ter desempenhado o papel de agente infiltrado do senador Sergio Moro durante o período em que o ex-juiz era o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, entregou recentemente ao Supremo Tribunal Federal (STF) um conjunto de documentos explosivos. Esses documentos revelam uma suposta tentativa de Moro de investigar ilegalmente desembargadores, juízes e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), incluindo o uso de grampos ilegais.

Os documentos em questão fazem parte de um acordo de colaboração premiada firmado entre Tony Garcia e Sergio Moro em 2004. Até recentemente, esses documentos estavam sob sigilo na 13ª Vara Federal de Curitiba, mas o juiz Eduardo Appio decidiu levantar este sigilo, permitindo que Tony Garcia tivesse acesso. Agora, esses materiais foram entregues pelo ex-delator ao STF com o objetivo de anular as ações de Moro contra ele.

No conjunto de documentos, obtido pela TV Globo, estão registradas cerca de 30 tarefas que foram designadas a Tony Garcia por Moro como parte do acordo para evitar sua prisão. Estas tarefas incluíam investigações de autoridades paranaenses com foro privilegiado, utilizando métodos questionáveis, uma vez que essas investigações estavam, legalmente, fora da alçada de atuação de Moro enquanto juiz.

O material entregue ao STF inclui até mesmo registros de conversas telefônicas entre Moro e Garcia, nas quais o ex-juiz pressiona pela execução das tarefas consideradas ilegais.

Em um trecho do acordo, fica evidente a intenção de Moro em obter informações sobre um advogado paranaense e um desembargador, mencionando a busca por uma fita cassete que, supostamente, conteria informações relevantes.

“O beneficiário [Tony Garcia] procurará obter a fita cassete junto a Nego Scarpin, onde constaria tal fato, podendo, neste caso, realizar escutas externas”, diz um dos documentos. 

Sergio Moro, por sua vez, nega todas as acusações e ressalta que nenhuma das gravações entregues por Tony Garcia ao STF envolve pessoas com foro privilegiado.

Moro emitiu uma declaração afirmando: "Tony Garcia é um criminoso que foi condenado, com trânsito em julgado, por fraude e apropriação indébita. Em 2004, fez acordo de colaboração que envolveu a devolução de valores roubados do Consórcio Garibaldi e a utilização de escutas ambientais autorizadas judicialmente e com acompanhamento da Polícia Federal e do MPF. Essas diligências foram realizadas por volta de 2004 e 2005, e todas foram documentadas".