SEM ANISTIA

Presidente do STM diz que não há “clima” para anistia a militares envolvidos com trama golpista

Declaração do ministro Joseli Camelo foi dada à GloboNews no contexto da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que expôs uma série de comandantes das Forças Armadas

O ministro Joseli Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar.Créditos: Reprodução
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O ministro Joseli Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar (STM), disse nesta quarta-feira (27), à GloboNews, que não existe “clima para anistia” a militares envolvidos em tramas golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A entrevista foi dada no contexto da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que implicou uma série de comandantes das Forças Armadas nas tentativas frustradas de golpe de estado.

“As investigações sobre a tentativa de golpe caminham dentro do devido processo legal, e eu não vejo clima para anistia. Não há nenhuma disposição nem do Supremo Tribunal Federal, nem do Congresso para que nós tenhamos anistia”, declarou o presidente do STM.

O acordo de delação premiada firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid causou um rombo no casco da fragata golpista colocada em curso por Bolsonaro após a derrota para Lula nas eleições presidenciais de 30 de outubro passado. Vazadas a conta-gotas nas últimas semanas, as novas informações reveladas por Cid à Polícia Federal (PF) causaram verdadeiro tsunami na cúpula das Forças Armadas. E asfixiaram principalmente o ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos.

Segundo Cid, Garnier teria embarcado prontamente na tramoia golpista proposta por Jair Bolsonaro em reunião secreta com os comandantes das Forças Armadas. Servil ao ex-presidente, a quem devia favores, o marinheiro teria colocado a tropa à disposição do golpe, cobiçando surfar no mesmo enredo do vice-almirante Augusto Rademaker, que, juntamente com o general Costa e Silva e o tenente-brigadeiro Correia de Melo, compôs a tríade que decretou o Ato Institucional nº 1 em 9 de abril de 1964.

O golpe só não foi adiante pelo silêncio do tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior – que nas redes e em entrevistas nunca disfarçou seu apreço pelo presidente fascista. E, principalmente, pela pronta reação do general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, que chegou a ameaçar dar voz de prisão a Bolsonaro.

“É verdade que houve aquela reunião? Tudo indica que sim, mas isso não é uma prova de que houve. Houve aquela conversa? Foi colocada à disposição da Marinha? Isso tudo são ilações que são feitas em virtude de alguma coisa que vazou, mas pode ter vazado apenas uma parte”, comentou Camelo a respeito das delações de Mauro Cid.