Horas após o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania, acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) contra os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR), Michelle Bolsonaro foi às redes compartilhar um vídeo com clara conotação transfóbica em que a deputada federal Priscila Costa (PL-CE) baixa mais o nível e diz que o governo Lula quer "instituir oficialmente o banheiro tran".
"Agora sua filha ainda que menor de idade não poderá ter o direito de entrar no banheiro e se sentir segura porque lá dentro pode ter um marmanjo barbado esperando por ela justificando a sua presença lá pelo simples fato de que ele naquele dia se sente mulher", diz a deputada extremista cearense, num claro ataque às pessoas trans.
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A publicação foi compartilhada por Michelle nos Stories do Instagram, onde a ex-primeira-dama também publicou um vídeo da campanha de 2022 em que Lula diz "não apoiar banheiro único para meninas e meninas" dizendo que saiu da "cabeça de satanás".
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A incitação ao ódio e a propagação de fake news pode fazer com que a Michelle e Priscila Costa também sejam investigadas pela AGU, assim como o senador Sergio Moro (União-PR), que também compartilhou a fake news em suas redes sociais.
Silvio Almeida encaminhou ofício à AGU para desmentir a divulgação falsa: “Ao contrário do que alegam os parlamentares, não há banheiros unissex; há, sim, banheiros individuais”, diz o documento.
“Trata-se de divulgação de fake news que claramente tem como objetivo provocar o pânico moral e expor ainda mais as pessoas LGBTQIA+ ao ódio e à repulsa social provocada pelo preconceito e pela discriminação”, destacou o ministro.
Governo desmente fake
O governo Lula também foi para a web para desmentir a fake news. Em sequência de publicações na rede X, antigo Twitter, a Secom afirma que "Governo Federal NÃO DECRETOU a instalação de banheiros Unissex em escolas de todo o país".
"Repudiamos veementemente as campanhas de desinformação para confundir a população", diz a nota na rede.
Segundo o governo, "a campanha de desinformação em curso partiu de uma Resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, órgão autônomo em suas decisões, sobre a qual nem o Ministro dos Direitos Humanos nem o Presidente da República tiveram participação ou influência na sua produção".
"Tal resolução sequer trata da obrigatoriedade de banheiros Unissex em escolas do país. O ministro dos Direitos Humanos já acionou a Advocacia Geral da União para apurar a propagação da desinformação, e os divulgadores serão responsabilizados de acordo com a lei", diz o texto.
A Secom ainda afirma que a fake news são propagadas "contra pessoas trans e toda a comunidade LGBTQIA+, tentando justificar que todo o ódio e preconceito são válidos, desde que praticados em defesa das crianças".
"Este é um argumento sórdido de pessoas que não têm coragem de defender em aberto suas bandeiras reacionárias e preconceituosas. A defesa das crianças não pode ser feita em abstrato, e nem deve ser usada como desculpa para a propagação do ódio e ataques a direitos humanos de minorias", diz o texto.