EM PARAFUSO

Moro ataca Silvio Almeida após defender libertação de golpistas... da Bolívia

Para atacar ministro, Moro falou que Lula "adula" Putin e Maduro, presidente da Rússia e da Venezuela. Pouco antes ele defendeu a soltura de dois violentos líderes do golpe contra Evo Morales em 2019.

Sergio e Rosângela Moro com os filhos dos golpistas bolivianos Luis "Macho" Camacho e Janine Áñez.Créditos: Twitter
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Ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), o senador Sergio Moro (União-PR) entrou em parafuso neste sábado (23) após sinalização de que deve ser alvo de novo processo, desta vez por compartilhar fake news criada por Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR) sobre os "banheiros unissex" nas escolas.

Nesta sexta-feira (22), os parlamentares bolsonaristas divulgaram vídeos mentirosos em suas redes sociais em que afirmam que o governo do presidente Lula implementou banheiros unissex nas escolas brasileiras. 

Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida anunciou neste sábado (23) que vai acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) contra os deputados e, de quebra, mandou um recado a Moro e Arthur do Val, o Mamãe Falei, que compartilharam a mentira em suas redes.

"Serão também tomadas providências contra outros propagadores de Fake News, dentre os quais um sujeito que já teve seu mandato cassado por desrespeitar mulheres de um país em guerra e outro, um Senador da República que quando juiz de direito envergonhou o Poder Judiciário", tuitou Almeida.

Cambaleante em meio à enxurrada de investigações, Moro foi às redes atacar Almeida, citando uma ilusória "adulação" de Lula aos presidente da Rússia, Vladimir Putin, e da Venezuela, Nicolas Maduro.

"Temos um Ministro dos Direitos Humanos que se cala quando seu chefe Lula adula Putin e Maduro, ataca o TPI e ignora a importância de mulheres no STF. Mas está com tempo para ameaçar parlamentares por criticarem o Governo", disse o ex-juiz, que classificou a mentira como crítica.

Acontece que, pouco mais de duas horas antes, Moro publicou uma foto nas redes sociais defendendo a libertação de Luiz Fernando Camacho e Jeanine Áñez, dois dos principais líderes do golpe contra Evo Morales, em 2019, na Bolívia que estão presos após a retomada da democracia no país vizinho.

"Apoiamos, eu e a deputada Rosangela Moro, a libertação da ex-presidente Jeanine Áñez e do governador Luis Camacho, atualmente presos políticos na Bolívia. Encontramos seus filhos no evento do Grupo Libertad y Democracia. Vamos convidá-los para falar perante o Senado brasileiro, junto com o ex-Presidente Tuto Quiroga, sobre a perseguição política na Bolivia", escreveu na rede X, antigo Twitter.

Camacho foi um dos líderes mais violentos no golpe da Bolívia e se notabilizou na invasão do Palácio do Governo com uma Bíblia. Então senadora, Jeanine Áñez se autodeclarou presidenta e assumiu o governo em meio aos distúrbios que deixaram dezenas de mortos.

Investigação na Bolívia investigou os laços dos dois com o governo Jair Bolsonaro (PL). Camacho chegou a ser recebido por Ernesto Araújo, então chanceler de Bolsonaro, meses antes do golpe contra Evo.