Portaria assinada pelo general de divisão Alexandre de Almeida Porto, diretor de controle de efetivos e movimentações, publicada na edição desta segunda-feira (18) do Diário Oficial da União (DOU) afasta temporariamente o tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, do Exército.
Na publicação, retroativa ao último dia 9, o general trata da "agregação" de Cid. Na legislação militar, o termo refere-se ao afastamento temporário das Forças Armadas.
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No entanto, segundo a lei, "o militar agregado fica sujeito às obrigações disciplinares concernentes às suas relações com outros militares e autoridades civis". Ou seja, Cid pode ainda responder na Justiça Militar por crimes que tenha cometido.
A portaria afirma ainda que o tenente coronel Mauro Cesar Barbosa Cid foi agregado para "ficar exclusivamente à disposição da Justiça Comum, conforme Decisão Judicial de 9 de setembro de 2023, a qual foi proferida nos autos da Petição nº 10.405/DF, em trâmite no Supremo Tribunal Federal".
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Delação premiada e Jovem Pan
Além da OrCrim das Joias, da minuta golpista e do envolvimento de militares do governo em tratativas sobre o golpe, o tenente coronel Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), vai detalhar como, a mando de Jair Bolsonaro (PL), agia para combinar pautas favoráveis em veículos de mídia alinhados, como a Jovem Pan.
A emissora de Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, era uma das principais vitrines de Jair Bolsonaro e teve um pedido do Ministério Público Federal (MPF) para a cassação da concessão pública por "alinhamento à campanha de desinformação que se instalou no país ao longo de 2022 até o início deste ano, com veiculação sistemática, em sua programação, de conteúdos que atentaram contra o regime democrático”.
Após adotar a linha editorial de extrema-direita para apoiar Bolsonaro, a emissora recebeu só em publicidade oficial R$ 18,8 milhões em troca da difusão de mentiras e de um apoio descarado e que incitava abertamente o ódio contra quem não se declarava apoiador do ex-presidente.
Em sua delação, Cid vai contar como marcava entrevistas para Bolsonaro em programas da Jovem Pan e do contato com jornalistas e comentaristas da emissora para alinhar pautas ao discurso do ex-presidente.
Um dos principais contatos era no humorístico Pânico, de Emílio Zurita, onde Bolsonaro deu diversas entrevistas e ficou por mais de duas horas conversando com o elenco durante a campanha presidencial em 2022.
Segunda reportagem da Folha, Cid também deve falar sobre a relação com empresários, jornalistas e donos de órgãos de imprensa que teriam recebido financiamento para aumentarem sua estrutura em troca de defesa e divulgação de realizações do antigo governo federal. A defesa de Cid diz ter comprovações de pagamentos que teriam sido feitos e que irá apresentá-los na delação.