Na delação em que confirma que Jair Bolsonaro (PL) recebeu em mãos os dólares recebidos pela venda de um dos relógios do acervo da União, Mauro Cid deve poupar a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que também é alvo da investigação conduzida pela Polícia Federal.
Segundo a coluna de Mônica Bergamo, na edição desta sexta-feira (15) da Folha de S.Paulo, Cid teria sido orientado por seu advogado, Cezar Bitencourt, a centrar fogo em Bolsonaro e deixar a ex-primeira-dama em segundo plano.
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O principal motivo é que dos cinco inquéritos em que Cid se comprometeu a colaborar, Michelle é investigada em apenas um: de uso do Estado para obter vantagens ilícitas, exatamente na parte em que o inquérito trata do recebimento das joias.
O tenente coronel nunca teve uma relação próxima a ex-primeira-dama e teria reclamado por diversas vezes de ter que pagar as contas dela e da família.
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Cid afirma que tinha ordens explícitas de Bolsonaro para pagar contas da própria Michelle, mas que o ex-presidente detestava que ele pagasse também faturas de familiares da primeira-dama.
Mesmo assim, ela mandava essas contas com ordens para pagar. E, diz ele, quando isso acontecia não havia muito o que fazer, sob pena de arrumar mais problemas com Michelle.
Arrependimento
A delação de Cid também está provocando um mea culpa na cúpula das Forças Armadas, que já se arrepende de não ter tirado o militar da função de ajudante de ordens de Bolsonaro antes das eleições passsadas.
O generalato avalia que Cid foi "além de sua função" e que chegou a ser alertado sobre a questão.
O arrependimento de não ter tirado o militar do Planalto se dá justamente em função da delação premiada, que deve implicar parte dos oficiais que ocupavam postos no governo Bolsonaro, causando desgaste às Forças Armadas.