Quatro pessoas com acesso aos bastidores da campanha à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmaram à revista piauí que o economista Roberto Campos Neto, ao mesmo tempo em que comandava o Banco Central, produziu um modelo matemático de pesquisas eleitorais capaz de orientar o núcleo duro de apoio ao então presidente.
O documento gerado pelo presidente do BC era um agregador de dados estaduais que, na visão de Campos Neto, gerava resultados mais precisos do que os dados nacionais.
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Para a campanha de Tarcísio também
A análise de pesquisas de Campos Neto também foi disponibilizada à campanha de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo. Como acontecia com outras tantas pesquisas, os dados que abasteciam a campanha de Bolsonaro acabavam vazando para o mercado. “Muita gente da própria campanha acreditava mais no modelo do Roberto do que no próprio tracking que eles contratavam”, diz uma das fontes ouvidas pela piauí, que acompanhava a evolução das pesquisas.
Sucesso na Faria Lima
O agregador de Campos Neto fazia sucesso na Faria Lima e servia como bússola para os investidores. Embora Lula aparecesse na liderança em todas as pesquisas de institutos credenciados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mercado, faltando mais de uma semana para o pleito, começou a precificar a hipótese de uma virada pró-Bolsonaro.
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Os levantamentos de Campos Neto apontavam que Bolsonaro tinha chance de ganhar porque estava avançando sobre Lula em São Paulo. As pesquisas dele indicavam que Bolsonaro tinha de 14 a 16 pontos de vantagem sobre Lula no eleitorado paulista, o que poderia lhe garantir a vitória no segundo turno.
Gleisi pede demissão imediata
A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, reagiu às revelações da Piauí nesta sexta-feira (4), em sua conta do Twitter. Para ela, a ajuda de Campos Neto “É IMORAL!”, exclama. “Política monetária desastrosa, privatização de ativos e agora isso?! É muita autonomia! Senado precisa com urgência tomar providências, vamos entrar com outro pedido de investigação. É muito grave, tem que sair do cargo pra ontem!”, encerrou.