TERROR BOLSONARISTA

Abin de Heleno alertou sobre neonazistas entre apoiadores golpistas de Bolsonaro

Ações da PF contra grupos neonazistas, no entanto, só foram desencadeadas quando Flávio Dino assumiu o Ministério da Justiça. Neonazistas e supremacistas brancos ecoavam pautas propagadas por Bolsonaro.

General Heleno e o material nazista apreendido em operação da PF e Polícia Civil do RS em 2023.Créditos: Marcelo Camargo Agência Brasil / Polícia Civil RS
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Relatórios elaborados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ainda sob o comando do general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), alertou sobre a presença de grupos neonazistas e supremacistas brancos entre apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que promoveram atos pelo país pedindo um golpe de Estado após a vitória de Lula nas eleições de outubro de 2022.

"Alguns grupos neonazistas demonstram interesse em associar narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais e adotam discursos que dialogam com pautas de outros movimentos para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos", diz um dos relatórios revelados em reportagem de Eduardo Gonçalves no jornal O Globo desta quarta-feira (30).

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Os documentos foram elaborados em 25 de novembro e 1º de Dezembro de 2022 e foram encaminhados à Polícia Federal e à Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

No entanto, as ações contra os grupos neonazistas só ocorreram com o Ministério da Justiça sob o comando de Flávio Dino, que determinou, em abril deste ano a abertura de investigação.

“Assinei agora determinação à Polícia Federal para que instaure inquérito policial sobre organismos nazistas e/ou neonazistas no Brasil, já que há indícios de atuação interestadual. Há possível configuração de crimes previstos na Lei 7.716/89”, anunciou o ministro em 6 de abril deste ano.

Em junho, uma operação conjunta da PF com a polícia gaúcha resultou na prisão de 3 pessoas e cumprimento de mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Canoas, Nova Santa Rita e Novo Hamburgo.

Material neonazista apreendido em operação no Rio Grande do Sul (Divulgação / PC RS)

"Luta contra comunistas"

Os relatórios trazem informações sobre a atuação dos neonazistas na disseminação de pautas propagadas por Bolsonaro, como fake news sobre as urnas eletrônicas e "luta contra comunistas". Segundo a Abin, os neonazistas também teriam atuado no bloqueio de rodovias para contestar a vitória de Lula nas eleições.

“Até o pleito eleitoral de 2022, não se identificava histórico de envolvimento sistemático de grupos supremacistas e neonazistas com pautas políticas ou manifestações. Apesar disso, em monitoramento de grupos virtuais utilizados para disseminação de conteúdo supremacista na conjuntura eleitoral, observou-se aumento da interação e da visualização”, diz trecho do documento.

A agência informa que ao menos cinco grupos no Telegram, com cerca de 2,8 mil golpistas, disseminavam narrativas e faziam conluios para incitar "narrativas de deslegitimação" das instituições.

"Alguns grupos neonazistas demonstram interesse em associar narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais e adotam discursos que dialogam com pautas de outros movimentos para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos", segue o documento.

Um dos grupos, denominado "Soldati Della Luce"(Soldados da Luz), foi criado um dia após a vitória de Lula no segundo turno, em 31 de outubro, se intitulava como "milícia digital" e por meio de referências racistas atacava a criação do Ministério da Igualdade Racial, comandado por Silvio Almeida.

Os neonazistas também pediam listas de "possíveis alvos com nome e endereço completos" e ensinava como fabricar armas de fogo com impressoras 3D.

No relatório, a Abin conclui que os neonazistas ainda arregimentava membros para "promover ações violentas contra autoridades", o que foi feito em 8 de Janeiro.

"Além de sinalizar tendência de radicalização, demonstram interesse em associar narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais e adotam discursos que dialogam com pautas de outros grupos para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos", diz o documento.