ATOS GOLPISTAS

PF avaliou prisão de Carla Zambelli, que mandou WhatsApp cobrando Bolsonaro sobre golpistas

Deputada teria cobrado clareza de Bolsonaro aos golpistas após a fuga do ex-presidente aos EUA. Imunidade parlamentar impediu prisão de deputada na operação que levou novamente Walter Delgatti à cadeia.

Jair Bolsonaro e Carla Zambelli no Planalto.Créditos: Reprodução/Palácio do Planalto
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Alvo de busca e apreensão em quatro endereços nesta quarta-feira (2), Carla Zambelli (PL-SP) escapou por pouco da prisão durante o desencadeamento da Operação 3FA.

Investigadores da Polícia Federal (PF) avaliaram levar a deputada bolsonarista à cadeia diante de elementos robustos que corroboravam a ação. No entanto, teriam resolvido pedir apenas a prisão do hacker de Araraquara, Walter Delgatti Neto, diante da imunidade parlamentar de Carla Zambelli.

A Lei prevê que parlamentares federais podem ser presos em casos de crimes flagrantes e inafiançáveis como terrorismo, tortura, racismo, crimes hediondos e ação contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

Mesmo diante do cometimento desses crimes, a prisão precisa ser avalizada pela Câmara ou o Senado, dependendo da atuação parlamentar.

A principal prova da ligação de Zambelli com Delgatti - e consequentemente com a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserção de um mandado de prisão fake de Alexandre de Moraes - é o Pix no valor de R$ 13,5 mil de um dos assessores da deputada ao hacker.

WhatsApp

Em meio à articulação de uma narrativa para afastar Jair Bolsonaro (PL) do caso, o jornalista Paulo Cappelli, do site Metrópoles, revelou que Zambelli chegou a enviar uma mensagem de WhatsApp para o ex-presidente após a fuga dele para os Estados Unidos no fim do mandato, antes dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Na mensagem, Zambelli teria cobrado de Bolsonaro uma posição em relação aos apoiadores golpistas que estavam acampados e promoviam atos pedindo "intervenção militar" em todo país. 

A deputada teria pedido clareza a Bolsonaro a seus apoiadores para que aceitassem a derrota eleitoral. Zambelli também teria indagado o ex-presidente sobre o motivo de que estaria irritada com ela.

Bolsonaro, que culpava a deputada pela derrota em razão da perseguição ao jornalista negro na véspera da eleição, não teria respondido a mensagem.

Após a operação da PF nesta quarta, aliados disseram que o ex-presidente não conversa com a deputada desde janeiro. Em entrevista à Folha nesta quinta, no entanto, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afagou Zambelli e disse que a parlamentar "sempre foi uma aliada".