O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Passos Rodrigues, deu uma entrevista na tarde desta sexta-feira (25) ao jornalista Josias de Souza, do portal UOL, na qual falou sobre as possibilidades reais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser preso em decorrência das investigações que estão em curso contra ele, nos mais diversos casos, como dos atos golpistas do 8 de janeiro, da venda de joias e relógios da Presidência ou ainda da falsificação de carteiras de vacinação.
“O que a equipe tem de se pautar é na responsabilidade e na qualidade da prova. Deve se pautar pelo que está na lei e pelo que está apurando. Se nessa conjunção de elementos se chegar a essa conclusão (de que Bolsonaro deve ser preso), se os requisitos legais são atendidos, esse é um caminho possível, e aqui falo hipoteticamente”, disse Rodrigues.
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O chefe da PF afirmou que não há dúvidas de que existem indícios contra o ex-ocupante do Palácio do Planalto, mas que as equipes devem se manter atentos na coleta de provas, que precisam ser consistentes.
“Indícios há. Temos visto várias provas que são tornadas públicas pelo ministro relator (Alexandre de Moraes, do STF), onde a gente identifica vários elementos que podem apontar neste caminho. Agora, como disse, esse é um ponto muito caro para nós investigadores e policiais federais de ter essa responsabilidade à medida que provas forem colhidas, depoimentos colhidos, análises de materiais apreendidos, a gente vai avançando sempre com muita consistência naquilo que estamos fazendo”, explicou.
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Rodrigues chamou a atenção para o fato dos atores que se envolveram em todos os diferentes escândalos ligados a Bolsonaro serem os mesmos, e que a partir daí o cenário sugere que existiria uma teia ligando todos os nomes, o que ainda precisa ser melhor analisado.
“Nosso trabalho procura desvendar todo esse cenário. O que a gente tem visto é que há a conexão entre todos esses elementos. O próprio questionamento de integridade do sistema eleitoral, o ataque às instituições brasileiras, ao poder Judiciário, a interferência na instituição como por exemplo me parece que houve na Polícia Federal. Tudo isso se conecta e o que a gente vê nessa investigação é que há uma conexão, os atores se repetem”, esclareceu o delegado.
Ele reiterou ainda que as investigações avançam em todos os casos de crimes nos quais o ex-presidente de extrema direita é suspeito de participação, não apenas no caso das joias e relógios, que ganhou mais destaque recentemente na imprensa.
“Há crimes contra o Estado Democrático de Direito, há crimes em relação à falsificação de cartões de vacina, uso de documento falso, crime contra a saúde pública, há crime em relação à questão das joias. Há todo um contexto onde as investigações estão acontecendo e estão sendo produzidas provas”, falou ainda Rodrigues.
Já em relação à fortuna de R$ 17 milhões que Bolsonaro afirma ter recebido de doações via Pix de seus fanáticos seguidores radicais, cujo bloqueio foi ventilado nos últimos dias, o delegado não desmentiu, mas explicou como isso aconteceria e em que circunstâncias seria necessária a apreensão.
“Nós estamos recebendo agora os dados bancários e fazendo análise desses R$ 17 milhões, e aí são milhões de transações. Ou seja, há possibilidade legal do bloqueio, sim, se houver qualquer suspeição de que não sejam transações normais, que levantem alguma margem de desconfiança”, concluiu.