NARRATIVAS

Duda Salabert desmonta tese de que "senhorinhas inofensivas" participaram da tentativa de golpe

Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos Golpistas, a deputada federal desconstruiu tese bolsonarista de que ataque golpista aos prédios dos Três Poderes foi "espontâneo"

Duda Salabert desmonta tese de que "senhorinhas inofensivas" participaram da tentativa de golpe.Créditos: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas retomou os trabalhos nesta terça-feira (1) com a oitiva do ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) Saulo Moura da Cunha.

Como de praxe, a primeira parte da sessão foi marcada por uma série de ataques contra o ministro da Justiça, Flávio Dino. Bolsonaristas insistem na tese de que Dino se omitiu no dia 8 de janeiro.

Por sua vez, Flávio Dino respondeu aos ataques que sofreu e afirmou que golpistas "inventam fatos para encobrir verdades".

Senhorinhas inofensivas?

Outra tese muito utilizada pela claque bolsonarista é que a tentativa de golpe perpetrada no dia 8 de janeiro não foi algo organizado e que tudo ocorreu de forma espontânea.

Além disso, parlamentares da extrema direita também afirmam com recorrência que boa parte do público presente no dia 8 de janeiro era composto por "senhorinhas inofensivas" e patriotas.

Porém, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), a partir de sua pergunta a Saulo Cunha, desmontou a tese bolsonarista de que "senhorinhas inofensivas" participaram da tentativa de golpe.

"A pergunta que lhe faço é: se o senhor vê que os métodos utilizados pelos manifestantes, a forma como eles se dividiram, se organizaram, para invadir estrategicamente os três poderes e a forma como eles entraram nos prédios, o senhor acha que esse método ou a forma como eles adotaram foi algo espontâneo, aleatório ou há traços ali que merecem ser investigados de que havia uma estratégia de como invadir esses prédios?", questiona Duda Salabert.

"Parece que há uma certa organização, pelo menos, de parte, mais uma vez vou ressaltar que, de grupos que ali estavam e eram extremistas, estavam organizados, ouve discursos, houve uma incitação à violência. Não parece algo espontâneo", responde o ex-agente da Abin.

"Essa posição é muito importante do senhor, vindo de um posicionamento técnico e não político, porque o bolsonarismo aqui na CPMI tem usado o método que eles têm adotado nos últimos anos no Brasil, que é tentar criar uma realidade paralela [...] o discurso aqui é que quem invadiu os Três Poderes eram senhoras nacionalistas, sem poder nenhum bélico ou de organização, foi algo esporádico, uma manifestação nacionalista que destrói, por exemplo, uma tela do Di Cavalcanti, o maior pintor nacional. Então, essa posição é muito importante", conclui Duda Salabert.