A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta-feira (2) contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e Walter Delgatti, o "hacker de Araraquara", colocou o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em alerta máximo.
Entre o grupo que circunda o ex-presidente Bolsonaro, a ordem é se afastar de Carla Zambelli e tratá-la como um "lobo solitário", ou seja, que todas as ações tocadas pela parlamentar foram tomadas por iniciativa própria e que Bolsonaro não tinha conhecimento de nenhuma das ações perpetradas por Zambelli e Delgatti.
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Distância
De acordo com informações da jornalista Daniela Lima, na Globonews, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem dito a aliados que não fala com Carla Zambelli desde janeiro.
Além disso, Bolsonaro também teria dito que Zambelli o procurou recentemente, mas que não atendeu aos telefonemas da deputada.
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Hacker cita Bolsonaro em depoimento
Informações divulgadas pelo jornalista Joaquim de Carvalho, no Brasil 247, afirmam que, em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, o "hacker de Araraquara", teria recebido ordem do próprio Jair Bolsonaro (PL) para invadir as urnas eletrônicas e teria ainda recebido um pedido bizarro do ex-presidente.
Delgatti teria dito à PF que falou com Bolsonaro por um celular novo, "tirado da caixa", durante encontro com a deputada Carla Zambelli em um restaurante da rede Frango Assado na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, após um primeiro encontro pessoal com o ex-presidente em Brasília.
Delgatti teria sido levado até o local por um motorista de Carla Zambelli. Na conversa pelo celular, Bolsonaro teria dado uma "missão" a ele: invadir as urnas eletrônicas para provar que o sistema era falho. O hacker, no entanto, não conseguiu cumprir a missão.
Além disso, Bolsonaro teria pedido para Delgatti assumir uma gravação clandestina que ele teria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Outro trecho do depoimento de Walter Delgatti à PF, divulgado pelo UOL, revela que Carla Zambelli levou Delgatti à residência oficial do então presidente da República, Jair Bolsonaro.
"Encontrou o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido de código-fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do tribunal, e o declarante não poderia ir até lá", diz trecho do depoimento de Walter Delgatti à PF.
Diante de todos esses fatos, os aliados de Bolsonaro temem que a operação desta quarta da PF respingue no ex-presidente. Outro temor é que Delgatti feche um acordo de delação premiada.
Carla Zambelli é abandonada pelo PL
No entanto, a situação de Zambelli se deteriorou ainda mais na manhã desta quarta-feira (2), quando a Polícia Federal deflagrou a Operação 3FA, que realizou busca e apreensão no apartamento funcional e gabinete de Zambelli.
A ação da PF também culminou na prisão preventiva de Walter Delgatti, o "hacker de Araraquara", que, em depoimento à PF, revelou que invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e realizou a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), sob comando de Carla Zambelli.
Diante de tal cenário e do fato de que o processo de cassação movido pelo PSB contra Carla Zambelli no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, por ter xingado o ministro Flávio Dino, é o primeiro da fila para ser analisado, o Partido Liberal, legenda da parlamentar, dá como certa a cassação da deputada.
Além disso, a direção do PL e boa parte da bancada do partido na Câmara não devem se esforçar para salvar o mandato de Carla Zambelli, que é apontada como responsável pela derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2022.