A situação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) já era bem delicada desde quando, na véspera do segundo turno da eleição presidencial de 2022, perseguiu, com uma arma em punho, um homem pelas ruas da cidade de São Paulo.
No entanto, a situação de Zambelli se deteriorou ainda mais na manhã desta quarta-feira (2), quando a Polícia Federal deflagrou a Operação 3FA, que realizou busca e apreensão no apartamento funcional e gabinete de Zambelli.
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A ação da PF também culminou na prisão preventiva de Walter Delgatti, o "hacker de Araraquara", que, em depoimento à PF, revelou que invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e realizou a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), sob comando de Carla Zambelli.
Diante de tal cenário e do fato de que o processo de cassação movido pelo PSB contra Carla Zambelli no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, por ter xingado um parlamentar da legenda, é o primeiro da fila para ser analisado, o Partido Liberal, legenda da parlamentar, dá como certa a cassação da deputada.
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Além disso, a direção do PL e boa parte da bancada do partido na Câmara não devem se esforçar para salvar o mandato de Carla Zambelli, que é apontada como responsável pela derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2022.
Operação 3FA
As ações ocorrem no escopo de inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ, que tramitou perante a Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o Supremo Tribunal Federal em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro.
Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
As inserções fraudulentas ocorreram após invasão criminosa aos sistemas em questão, com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita, conduta mediante a qual o(s) criminoso(s) passaram a ter controle remoto dos sistemas.
Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Delgatti diz que Bolsonaro ordenou que ele invadisse urnas eletrônicas
Informações divulgadas pelo jornalista Joaquim de Carvalho, no Brasil 247, afirma que, em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, o "hacker de Araraquara", teria recebido ordem do próprio Jair Bolsonaro (PL) para invadir as urnas eletrônicas e teria ainda recebido um pedido bizarro do ex-presidente.
Delgatti teria dito à PF que falou com Bolsonaro por um celular novo, "tirado da caixa", durante encontro com a deputada Carla Zambelli em um restaruante da rede Frango Assado na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, após um primeiro encontro pessoal com o ex-presidente em Brasília.
Delgatti teria sido levado até o local por um motorista de Carla Zambelli. Na conversa pelo celular, Bolsonaro teria dado uma "missão" a ele: invadir as urnas eletrônicas para provar que o sistema era falho. O hacker, no entanto, não conseguiu cumprir a missão.
Além disso, Bolsonaro teria pedido para Delgatti assumir uma gravação clandestina que ele teria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O hacker, no entanto, disse que acredita que a gravação nem existisse, mas que faria parte do suposto plano envolvendo o senador afastado Marcos do Val (Podemos-DF) e Daniel Silveira.
À PF, Delgatti também teria dito que recebeu depósitos feitos por assessores de Carla Zambelli direto em sua conta, o que comprovará o vínculo entre os dois, além de um montante pago em dinheiro vivo.