VIOLÊNCIA

Maria Bernadete Pacífico: quem foi a quilombola assassinada e homenageada por Silvio Almeida

Líder religiosa e política: conheça a trajetória de representante do quilombo Pitanga de Palmares

Yalorixá Bernadete foi assassinada no quilombo nesta quinta-feira (17)Créditos: Reprodução/Youtube
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Bernadete Pacífico, Mãe Bernadete, Yalorixá Bernadete: estes são algumas das formas que os veículos de imprensa se referem a Maria Bernadete Pacífico, liderança do quilombo Pitanga dos Palmares, localizado em Simões Filho, ao norte de Salvador, na Bahia. Ela foi brutalmente assassinada na noite desta quinta-feira (17) a tiros em seu terreiro.

Pacífico era yalorixá de candomblé no quilombo de Pitanga dos Palmares e lutava pelo reconhecimento de suas terras, além de buscar justiça pela morte de seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, outra liderança da comunidade quilombola que foi assassinado no ano de 2017. O crime ficou sem solução, e Bernadete sempre levantou sua voz para buscar justiça.

"É uma luta de resistência, de sofrimento e de muito conflito e morte. Eu perdi meu filho por conta desses conflitos", disse Bernadete em entrevista no Fórum Social Mundial de 2018.

Foi também em 2017 que a luta histórica de Bernadete para o reconhecimento do Quilombo Pitanga dos Palmares deu seu primeiro passo importante: mais de 289 famílias quilombolas numa área de 854,2 hectares de terras tiveram suas terras garantidas pelo Incra. Agora, falta a Fundação Palmares - que ficou quatro anos parada - reconhecer o território como quilombola. Infelizmente, ela não poderá ver isso.

Bernadete também foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA), município em que fica a comunidade quilombola.

Reações a sua morte

Diversas figuras do movimento quilombola, do movimento negro e do governo federal lamentaram o assassinato brutal de Bernadete. O ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, enviou uma comitiva especial para apurar as questões envolvendo a morte da ativista.

"Recebo a informação de que Yalorixá Bernadete, defensora de dh e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, foi assassinada. Determinei o imediato deslocamento das equipes do Ministério dos Direitos Humanos até Simões Filho, na Bahia. Expresso minha solidariedade aos familiares e à comunidade", escreveu, na manhã desta sexta, em seu Twitter.

A Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) exige uma investigação para descobrir os responsáveis pelo assassinato de Bernadete e lamentou a perda.

"Nossos sentimentos estão com o Quilombo Pitanga dos Palmares, com suas amigas e amigos, e com sua família, da qual fazemos parte enquanto quilombolas. Sua ausência será profundamente sentida", disse o órgão no comunicado. "O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideranças quilombolas, continua sem resposta e sem justiça. Junta-se à injustiça mais uma vítima da violência enfrentada por aqueles que ousam levantar suas vozes na defesa dos nossos direitos ancestrais", completou.

 

 

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