O deputado bolsonarista e pastor fundamentalista Marco Feliciano (PL-SP) saiu em defesa do também pastor André Valadão, que durante um culto realizado no último domingo (2), incitou os fiéis a matarem pessoas LGBT+ como se fosse uma espécie de missão divina.
Com um discurso bizarro, Marco Feliciano afirmou que Valadão "é um homem de família", atacou parlamentares da esquerda que criticaram o discurso de André Valadão, misturou tudo com o comunismo e atacou o presidente Lula (PT), a quem classificou como "canalha".
Te podría interesar
"O pastor André Valadão, que é um homem muito conhecido em nosso meio evangélico, é um homem íntegro, é um homem de família e tem sido atacado covardemente pela extrema imprensa, que insiste em distorcer as falas [de André Valadão]. Ele está vivendo o que eu vivi no ano de 2013, quando pegaram falas, separaram palavras e usaram isso publicamente, acabando por destruir a imagem e a reputação das pessoas", iniciou Marco Feliciano.
Em seguida, Feliciano atacou os parlamentares da esquerda que criticaram Valadão. "Não bastasse ser atacado pela extrema imprensa, ele foi atacado aqui neste parlamento agora há pouco por três deputados: um socialista, uma comunista e um vigarista. Entenda-se por vigarista: um canalha. Eu até entendo um socialista ter um problema de cognição, porque o socialista que atacou o pastor André Valadão aqui já chamou minha mãe certa vez de prostituta, uma mulher negra e analfabeta."
Te podría interesar
Posteriormente, Marco Feliciano afirmou que o presidente Lula é ignorante e "um canalha". "A comunista falar em paz e amor já começa a me dar angústia, porque o comunismo defende o oposto. O comunismo matou mais de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo. Só na Ucrânia, mais de 8 milhões de pessoas morreram de fome por conta do comunismo. Aí alguém, em pleno século XXI, falar que ama ser comunista, ou pior, como disse aqui o líder, o presidente da nação [Lula], que tem orgulho de ser chamado de comunista, porque não conhece a história ou é um verdadeiro canalha também."
Confira abaixo o bizarro discurso de Marco Feliciano:
Governo Lula enquadra Valadão e fundamentalistas
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, durante discurso na cerimônia de divulgação do "Relatório de Recomendações para o Enfrentamento ao Discurso de Ódio e ao Extremismo no Brasil", realizada nesta segunda-feira (3), criticou, sem citar nominalmente, as recentes declarações do pastor André Valadão, que incitou seus fiéis a matarem pessoas LGBT+ e fundamentalistas que usam a fé para propagar o ódio.
Para o ministro do governo Lula, a atuação de Valadão e de outros propagadores do ódio é "criminosa" e deve "prestar contas à Justiça brasileira". Além disso, Almeida afirmou que, na contemporaneidade, "o ódio é uma mercadoria".
"O ódio é uma mercadoria, no sentido mais específico do termo, tal como aprendemos desde o século XIX. O ódio, portanto, tornou-se fonte de lucro para empresas, inclusive aquelas que administram as chamadas redes sociais. Mas, além disso, o ódio tornou-se fonte de popularidade e uma forma de existência para pessoas sem escrúpulos, pois sabemos que o ódio gera engajamento, o que é fundamental para o que chamamos de economia da atenção", disse Almeida.
Posteriormente, Silvio Almeida direcionou sua crítica aos mercadores da fé e mandou um recado: "Sabemos também que o ódio é fundamental para os mercadores da fé, para os fariseus, que manipulam a fé das pessoas de cima dos púlpitos, servindo apenas para destilar seu ódio. Essas pessoas não estão acima da lei, não estão acima da Constituição e, em um Estado laico no qual as pessoas têm todo o direito de expressar sua religião, mas também têm o direito de não ter religião, certamente prestarão contas à Justiça brasileira. Não tenham dúvidas disso", alertou.
Além disso, Silvio Almeida também afirmou que "o anonimato das redes não pode ser escudo para a impunidade, tampouco a imunidade parlamentar. Um falso sentimento ou uma falsa proposição de religiosidade também não é escudo para quem pratica crimes. É assim que essas pessoas devem ser tratadas".
"Quem censura é o ódio, o radicalismo, o preconceito, a discriminação, o racismo. Não existe liberdade sem o exercício da responsabilidade. Portanto, ser livre também significa arcar com as consequências dos próprios atos. É saber que nossas ações, quando afetam a vida de alguém, terão consequências", concluiu o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.