CARLA ZAMBELLI

Zambelli move processo inacreditável contra jornalista vítima de sua perseguição armada

A deputada bolsonarista alega que está sofrendo difamação por conta de um artigo publicado pelo homem

Zambelli flagrada perseguindo Luan Araújo em São Paulo.Créditos: Reprodução
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) move um inacreditável processo de difamação contra o jornalista Luan Araújo, de 32 anos, que na véspera das últimas eleições sofreu uma perseguição armada da parlamentar e de um grupo que a acompanhava na região da Avenida Paulista, em São Paulo, como resposta a supostas provocações.

Naquela tarde de 29 de outubro, Luan passava em frente a um bar onde Zambelli estava presente com seu grupo armado a poucos metros de uma mobilização de eleitores petistas. O jornalista então teria dito “te amo, espanhola”, em provocação que faz referência a um suposto passado da parlamentar relato à imprensa pela ex-bolsonarista Joice Hasselmann.

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  • De acordo com a história, Zambelli teria trabalhado como prostituta na Espanha antes de iniciar sua vida política no Brasil.
  • A história nunca foi confirmada. É possível que seja apenas um factoide criado pela antiga aliada. No entanto, sendo verdade ou mentira, a simples menção da narrativa costuma tirar a deputada do sério. Muito revoltada, Zambelli sacou uma arma e perseguiu o homem.
  • Um dos homens do seu grupo chegou a disparar e as imagens do episódio ganharam as capas da imprensa e viralizaram nas redes sociais.
  • Não faltaram à época analistas apontando que tal episódio tenha retirado muitos votos de Jair Bolsonaro (PL) no dia seguinte. O próprio ex-presidente também teria ficado irritado com a parlamentar por conta do descontrole.
  • Além disso, Zambelli ainda corre o risco de responder tanto na Justiça como na Comissão de Ética da Câmara pela conduta. Mas ao invés de deixar a história se perder no turbilhão diário de notícias, ela agora processa a vítima.

O processo e o artigo publicado

O processo por difamação foi aberto por conta de um artigo que o jornalista publicou no site Diário do Centro do Mundo (DCM). No texto, Luan Araújo critica a parlamentar.

“Zambelli, que diz estar com problemas, na verdade está na crista da onda. Continua no partido pelo qual foi eleita, segue com uma seita de doentes de extrema-direita que a segue incondicionalmente, e segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades (…) Para ela, uma mulher branca com conexões com pessoas poderosas, foi apenas mais um espaço para fazer o picadeiro clássico de uma extrema-direita mesquinha, maldosa, que é mercadora da morte”, diz trecho do artigo.

  • Luan também fala que desde o episódio tem sofrido com uma série de problemas que afetam sua vida pessoal: “diversos ônus desde aquele dia”.
  • O Ministério Público avaliou a queixa de Zambelli e pediu para que a ação fosse rejeitada. Mas o juiz Fabrício Reali Zia, da Vara do Juizado Especial Criminal de São Paulo, não concordou com o MP.
  • Ele não apenas marcou uma audiência preliminar para discutir o caso, como também determinou a remoção do artigo do DCM.
  • A decisão é da última sexta-feira (28) e nela o juiz considerou que a linguagem utilizada por Luan teria sido “excessiva” e ferido “a honra subjetiva da querelante (Zambelli)”.
  • “Recordemos que quando dos fatos, a deputada foi ofendida, provocada e xingada, o que foi esquecido por muitos. Essas ofensas e difamações não cessaram e essa queixa é justamente para cessar o discurso de ódio contra ela”, diz nota da defesa da parlamentar bolsonarista.
  • Luan Araújo e sua defesa ainda não se pronunciaram.