Em coletiva de imprensa dada na manhã desta segunda-feira (31) sobre a megaoperação policial realizada no Guarujá, litoral de São Paulo, no último final de semana, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que está “extremamente satisfeito com a ação” da Polícia Militar que resultou em pelo menos 8 mortos. Segundo a Ouvidoria das Polícias, foram 10 óbitos registrados nos bairros Vila Zilda e Vila Edna, mas a cifra é questionada pelo Governo do Estado.
“Há de se ter um respeito com a instituição, com a polícia. Sem ordem a gente nunca vai ter progresso”, afirmou Tarcísio logo no início da coletiva.
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- A Operação Escudo foi deflagrada na última sexta-feira (28) e contou com 3 mil policiais de 15 batalhões diferentes;
- A ação foi uma resposta ao assassinato do soldado Patrick Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na quinta-feira anterior (27);
- De acordo com relatos de moradores divulgados pela imprensa, policiais ameaçaram matar mais de 60 pessoas para vingar o colega. Além disso, pelo menos uma das vítimas chegou a ser torturada antes de vir a óbito.
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“A polícia é extremamente profissional e sabe usar a força quando necessário. A partir do momento que é hostilizada, que a autoridade policial não é respeitada, há o confronto. Não podemos sucumbir às narrativas”, completou o governador quando questionado sobre as mortes.
Em seguida, Tarcísio de Freitas afirma que o governo não quer o confronto. "A gente não quer o confronto de jeito nenhum, tanto é que nós tivemos 10 prisões. Aqueles que resolveram se entregar à polícia, foram presos. Foram apresentados à Justiça. O autor do disparo foi preso e foi entregue à Justiça, como deve ser. A gente não quer de maneira nenhuma o confronto, mas também não vamos tolerar a agressão", disse o governador.
SSP questiona dados da Ouvidoria
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, questionou os dados apresentados pela Ouvidoria, de que 10 pessoas teriam sido mortas pela Polícia Militar.
"Ouvi declarações que a própria ouvidoria quer apurar 10 mortes. Não são 10 mortes. São oito confrontos com oito mortes. Não sei de onde está vindo essa informação [de 10 mortes]", afirmou.
"Operação Escudo"
A "Operação Escudo" iniciou após o agente da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Reis ser morto enquanto fazia ronda junto com outro colega na Vila Zilda na noite da última quinta-feira (27).
- Patrick Bastos Reis foi baleado durante patrulhamento nas comunidades.
- Segundo informações da SSP, ele foi atingido no tórax por um projétil calibre 9 milímetros, disparado a uma distância entre 50 e 70 metros.
- O secretário de segurança pública, Guilherme Derrite, confirmou, através de suas redes sociais, a morte de Reis e anunciou a "Operação Escudo".
“Iniciamos na noite de ontem [quinta-feira] a Operação Escudo, para capturar os criminosos que atiraram contra dois policiais da Rota no Guarujá. Infelizmente, um deles morreu. Não vamos descansar enquanto não acharmos os responsáveis por esse crime", declarou Derrite na sexta-feira (28).
Moradores denunciam terror espalhado PMs
- Moradores das duas comunidades onde ocorre a Operação Escudo afirmam que estão sitiados e que PMs estão espalhando terror;
- Ao Brasil de Fato, um morador de uma das comunidades do Guarujá onde ocorreu a Operação Escudo, relata que um garoto foi torturado e morto;
"Eles [policiais da Rota] andam de capuz pelas vielas, estão matando primeiro para perguntar depois. Igual fizeram com um moleque que estava indo no mercado. O moleque gritava 'pelo amor de Deus', e bateram no menino, todo mundo ouviu aqui. Mataram o menino e levaram o celular dele. Menino inocente, isso não pode", revelou o morador.
- Oficialmente, o número de mortes até este momento é de dez pessoas;
- O ouvidor Claudio Aparecido da Silva, em entrevista ao G1, diz que o número pode aumentar e que, segundo relatos colhidos com os moradores das duas comunidades, PMs teriam ameaçado matar, pelo menos, 60 pessoas;
- A reação desproporcional por parte da PM de São Paulo segue os mesmos moldes de operações realizadas no Rio de Janeiro que, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudo dos Novos Legalismos (Geni), acumula até maio de 2022, 178 mortes e 39 chacinas.