CONFLITO

Governador de SP afirma que oito pessoas morreram no Guarujá e contraria Ouvidoria

Moradores do litoral paulista usaram as redes sociais para denunciar terror espalhado por PMs em favelas da cidade

Governador de SP afirma que oito pessoas morreram no Guarujá e contraria Ouvidoria.Créditos: Divulgação
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O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou, durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (31), que oito pessoas morreram na ação da Polícia Militar no Guarujá.

No entanto, o número revelado por Tarcísio de Freitas diverge daquele que foi anunciado pela Ouvidoria do Estado de São Paulo, de que 10 pessoas foram mortas pela PM.

"Foram oito óbitos, oito ocorrências ao longo deste final de semana. A polícia quer evitar o confronto de toda forma. Ninguém quer o confronto. Agora, nós temos uma polícia treinada e que segue à risca a regra de engajamento. A partir do momento em que a polícia é hostilizada, a partir do momento em que há o confronto, em que a autoridade policial não é respeitada, infelizmente, há o confronto.

Em seguida, Tarcísio de Freitas afirma que o governo não quer o confronto. "A gente não quer o confronto de jeito nenhum, tanto é que nós tivemos 10 prisões. Aqueles que resolveram se entregar à polícia, foram presos. Foram apresentados à Justiça. O autor do disparo foi preso e foi entregue à Justiça, como deve ser. A gente não quer de maneira nenhuma o confronto, mas também não vamos tolerar a agressão", disse Tarcísio de Freitas.


SSP questiona dados da Ouvidoria 

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, questionou os dados apresentados pela Ouvidoria, de que 10 pessoas teriam sido mortas pela Polícia Militar. 

"Ouvi declarações que a própria ouvidoria quer apurar 10 mortes. Não são 10 mortes. São oito confrontos com oito mortes. Não sei de onde está vindo essa informação [de 10 mortes", afirmou Derrite. 

Mas, De acordo com informações da Ouvidoria do Estado de São Paulo, a ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo deixou ao menos 10 pessoas mortas no Guarujá, litoral paulista.

A chamada "Operação Escudo" começou nesta sexta-feira (28), mobilizando aproximadamente 600 agentes que cercaram as comunidades da Vila Júlia e Vila Zilda, interligadas por um túnel.

"Operação Escudo"

A "Operação Escudo" iniciou após o agente da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Reis ser morto enquanto fazia ronda junto com outro colega na Vila Zilda na noite desta quinta-feira (27).

Patrick Bastos Reis foi baleado durante patrulhamento nas comunidades. Segundo informações da SSP, ele foi atingido no tórax por um projétil calibre 9 milímetros, disparado a uma distância entre 50 e 70 metros.

O secretário de segurança pública, Guilherme Derrite, confirmou, através de suas redes sociais, a morte de Reis e anunciou a "Operação Escudo".

“Iniciamos na noite de ontem [quinta-feira] a Operação Escudo, para capturar os criminosos que atiraram contra dois policiais da Rota no Guarujá. Infelizmente, um deles morreu. Não vamos descansar enquanto não acharmos os responsáveis por esse crime", declarou Derrite.

Moradores denunciam terror espalhado PMs   

Moradores das duas comunidades onde ocorre a Operação Escudo afirmam que estão sitiados e que PMs estão espalhando terror.

Ao Brasil de Fato, um morador das comunidades do Guarujá, onde ocorre a Operação Escudo, relata que um garoto foi torturado e morto.

"Eles [policiais da Rota] andam de capuz pelas vielas, estão matando primeiro para perguntar depois. Igual fizeram com um moleque que estava indo no mercado. O moleque gritava 'pelo amor de Deus', e bateram no menino, todo mundo ouviu aqui. Mataram o menino e levaram o celular dele. Menino inocente, isso não pode", revelou o morador.

Oficialmente, o número de mortes até este momento é de dez pessoas. O ouvidor Claudio Aparecido da Silva, em entrevista ao G1, diz que o número pode aumentar e que, segundo relatos colhidos com os moradores das duas comunidades, PMs têm ameaçado matar, pelo menos, 60 pessoas.

A reação desproporcional por parte da PM de São Paulo segue os mesmos moldes de operações realizadas no Rio de Janeiro que, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudo dos Novos Legalismos (Geni), acumula até maio de 2022, 178 mortes e 39 chacinas.