O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) e o senador Flávio Bolsonaro (PL) fizeram postagens na madrugada desta sexta-feira (28), em suas redes sociais. Os dois filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reclamaram da divulgação de relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgado nesta quinta-feira (27), que apontou uma movimentação atípica e milionária na conta bancária do pai.
Somente entre janeiro e o início de julho deste ano, Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix. Os dois compararam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a Venezuela, chamaram de "ditadura comunista", mas não gastaram uma linha pra tentar explicar as tranferências e, sobretudo, as aplicações financeiras do pai.
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Carlos Bolsonaro, bem no seu estilo, se limitou a dizer que “na democracia comunista relativa vale tudo! Já vivemos na Venezuela!”
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Já Flávio fez um texto bem mais extenso afirmando que a quebra do sigilo do pai foi “um assassinato de reputação sem precedentes contra o melhor presidente que o Brasil já teve! Reviram tudo, não encontram nada e mais uma vez quebram a cara!” Segundo Flávio, “nunca houve qualquer vazamento, quebra de sigilo ou exposição, sem embasamento, de nenhum ex-presidente na história do país, mas contra Bolsonaro vale tudo!”
“Sabe o que assusta?”, pergunta o senador, “o tamanho da vaquinha espontânea feita por milhões de brasileiros ao presidente mais popular do país para ajudá-lo a pagar multas milionárias por estar na linha de frente na pandemia salvando vidas e empregos. Na democracia relativa, quebram sigilo de todo mundo de maneira ilegal, menos de Adélio Bispo! Engana-se quem pensa que o Brasil está caminhando a passos largos rumo à Venezuela, Cuba e Nicarágua. O país já está nos 100m rasos e SEM BARREIRAS. Este crime terá que ser explicado!”
A vaquinha virtual
As transações, segundo o Coaf, podem estar ligadas à "vaquinha" feita por Bolsonaro com o suposto objetivo de angariar recursos para pagar multas. Em junho, o ex-presidente divulgou seu CPF, que é o número de seu Pix, para que apoiadores fizessem as transferências. A campanha foi propagada pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e outros apoiadores.
Naquele mês, a Justiça de São Paulo havia determinado o bloqueio de R$ 87,4 mil das contas de Bolsonaro pelo não pagamento de multas por infringir regras sanitárias à época da pandemia do coronavírus.
Apesar de ter declarado R$ 2,3 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas eleições e de receber um salário de cerca de R$ 86,5 mil, entre os recursos que recebe do PL, seu partido, e a aposentadoria do Exército - que ultrapassa os R$ 100 mil quando somado aos valores recebidos pela esposa, Michelle Bolsonaro -, Bolsonaro não se furtou em pedir dinheiro e, até o momento, não divulgou o quanto arrecadou na "vaquinha" e se ao menos parte do valor foi utilizado para pagar as multas.
Pelo contrário. O relatório do Coaf diz, ainda, que parte dos recursos arrecadados via Pix teriam sido convertidos em aplicações financeiras - isto é, investimento. Segundo o órgão, há transferências do PL, três empresas e de outras 18 pessoas, entre advogados, empresários, militares e pecuaristas que fizeram "doações" via Pix que variam entre R$ 5 mil e R$ 20 mil. Uma só empresa, inclusive, teria feito 62 transferências.
O relatório com as movimentações financeiras atípicas na conta de Bolsonaro foi encaminhado pelo Coaf aos parlamentares que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito Mista que apura os atos democráticos do dia 8 de janeiro, a CPMI dos Atos Golpistas.