O jornalista e ex-deputado federal Jean Wyllys, que recentemente retornou ao Brasil e passará a trabalhar na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), criticou nesta sexta-feira (14) o governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite (PSDB), que decidiu manter o programa de escolas cívico-militares, que foi encerrado pelo governo Lula no dia 10 de julho, em seu estado.
"O nosso governo irá manter o programa de escolas cívico-militares no RS", anunciou Leite, através das redes sociais, ao compartilhar o print de uma notícia sobre o assunto.
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Com a decisão, o tucano passa a integrar a lista de governadores, composta majoritariamente por bolsonaristas, que peitaram o governo Lula com relação ao fim do programa - entre eles estão o governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), e o de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
Ao criticar a postura de Eduardo Leite, Jean Wylllys mencionou o fato do mandatário estadual ser homossexual e, ainda assim, apoiar um programa defendido por homens heterossexuais e de extrema direita.
"Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, bee!", escreveu Wyllys.
Confira
Algumas horas após a postagem de Jean Wyllys, Eduardo Leite decidiu responder ao ex-deputado federal.
"Manifestação deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções… e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. Jean Wyllys, eu lamento a sua ignorância", escreveu o governador do RS.
Veja
Lula encerra programa das escolas cívico-militares
Em ofício enviado aos secretários de Educação, datado do dia 10 de julho, o governo Lula comunica o encerramento do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, criado por Jair Bolsonaro (PL) para criar uma doutrinação militar entre estudantes de escolas públicas.
"Cumprimentado-o(a) cordialmente, informamos a realização do processo de avaliação sobre o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, liderado pela equipe da Secretaria de Educação Básica, Ministério da Educação e Ministério da Defesa, ao final do qual foi deliberado o progressivo encerramento do programa", diz o ofício.
Segundo o acordo feito entre o MEC e o Ministério da Defesa, haverá um processo de desmobilização do pessoal das Forças Armadas envolvidos em sua implementação e lotado nas unidades educacionais vinculadas ao programa, que respeitará o fim do ano letivo.
Segundo o Ministério da Educação, 216 escolas adotaram o modelo em 23 estados e no Distrito Federal, onde estudam cerca de 192 mil alunos.
Nota técnica do MEC afirma que o “programa induz o desvio de finalidade das atividades das Forças Armadas” e cita quatro motivos para o fim do programa: desvio de finalidade das Forças Armadas, problema de execução orçamentária do programa, problema de coesão com o sistema educacional brasileiro e o modelo didático pedagógico adotado.
“As características do Programa e sua execução até agora indicam que sua manutenção não é prioritária e que os objetivos definidos para sua execução devem ser perseguidos mobilizando outras estratégias de política educacional. Desaconselhamos que o Programa seja mantido”, diz a nota.