No dia primeiro de julho o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), publicou em suas redes sociais uma frase do ditador italiano e líder fascista Benito Mussolini. A publicação, que fala sobre “restrição da liberdade”, veio menos de 24 horas depois de seu aliado Jair Bolsonaro (PL) ser declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Fomos os primeiros a afirmar que, quanto mais complexa se torna a civilização, mais se deve restringir a liberdade do indivíduo. Benito Mussolini,” postou o governador na ocasião em um story no seu Instagram.
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Em nota, a assessoria de Zema explicou que a postagem da frase serviria de alerta sobre os riscos de um estado inchado. “O governador Romeu Zema é um defensor das liberdades individuais, incluindo o direito de ir e vir e o acesso à propriedade privada, as eleições livres, condições possibilitadas apenas pela democracia. A citação em questão foi postada como um alerta sobre os riscos de um estado inchado, com altas cobranças de impostos e gastos desregulados, mas sem capacidade de investimentos básicos para a população,” disse sua assessoria na ocasião.
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Na tarde desta quinta-feira (13), Zema esteve na Globonows, onde foi questionado sobre a frase de Mussolini pelo jornalista Octávio Guedes e repetiu a argumentação para oferecer uma explicação inacreditável sobre o episódio aos telespectadores.
“Bom Otávio, primeiro que quem me acompanha nas redes sociais sabe que todos os dias eu publico uma frase de manhã cedo e outra a noite. Gosto muito de frases, de pensamentos, e a publicação dessa frase foi muito mais um alerta que eu quis dar. Porque quem conhece o meu posicionamento sabe que a última coisa que sou é alguém do estilo do Mussolini, alguém que acreditava em um estado onipotente. O que eu tenho feito aqui é o caminho contrário. Tenho enxugado o Estado aqui, a máquina, e temos tornado o Estado menor e mais eficiente, o que na minha visão – e todos sabem – o Estado é um obstáculo ao desenvolvimento. Ele é necessário, mas muitas vezes, pelo tamanho, pode atrapalhar ao invés de ajudar. Tiveram infelizmente pessoas que colocaram que aquela seria a minha opinião, e não é,” respondeu.
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Outras gafes
Na última semana, Zema passou por uma cena constrangedora em entrevista à Jovem Pan. O político mineiro tentou fazer uma conta de divisão básica e não conseguiu. Zema tinha tentado fazer a contagem da metade dos deputados federais da Câmara dos Deputados.
No 8º Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) no dia 2 de junho passado, em Belo Horizonte, Zema tentou fazer uma crítica ao Governo Lula mas acabou ofendendo os estados do Centro Oeste, Norte e do Nordeste do país. Segundo o político oriundo do mercado financeiro, apenas o Sul e o Sudeste seriam terras de “gente que trabalha”, enquanto as demais regiões viveriam de auxílios do governo.
“Quando se fala em Sul e Sudeste nós temos aqui uma semelhança enorme. Se tem estados que podem contribuir para esse país dar certo, eu diria que são esses 7 estados. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas que trabalham do que vivendo de auxílio emergencial", afirmou.
Em 21 de abril, Dia da Inconfidência Mineira, a comunicação do seu governo afirmou que a revolta ocorrida no século XVIII seria um movimento golpista contra a monarquia portuguesa que governava o Brasil, por conta de uma política fiscal que desfavorecia os mineiros em detrimento da então capital, o Rio de Janeiro.
“Temendo as consequências do golpe à Coroa Portuguesa, os inconfidentes não confessaram seus crimes. O único a fazê-lo foi Joaquim José da Silva Xavier, que se tornou o Mártir Tiradentes, ao receber a pena mais dura, em 21 de abril de 1792”, diz a publicação.
Meses antes, em fevereiro, foi a vez do governador incomodar a cidade mineira de Divinópolis. Em entrevista a uma rádio local, cometeu uma gafe vergonhosa. Após conceder sua entrevista, o jornalista Flaviano Cunha, apresentador do programa, presenteou o governador com um livro da famosa escritora Adélia Prado, contendo uma seleção com 150 poemas.
“Muito obrigado, muito bonito o livro. Vou fazer com uso com toda certeza”, respondeu Zema. O apresentador rebateu: “Sei que o senhor lê muito”. Mas foi só elogiar os hábitos de leitura do governador, para que Zema emendasse a gafe logo em seguida: “Ela trabalha aqui?”, perguntou.
Incrédulo com a pergunta, o apresentador tentou então explicar quem seria a escritora Adélia Prado, conhecida não apenas pelos seus livros, mas pelos prêmios literários que coleciona. Adélia venceu o Jabuti de Literatura em 1978, o prêmio da Academia Brasileira de Letras de Literatura Infantojuvenil em 2007, o Literário da Biblioteca Nacional em 2010, o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte também em 2010 e o prêmio Clarice Lispector em 2016.
Aos 87 anos, Adélia é um verdadeiro orgulho de Divinópolis, sua cidade natal, onde vive até hoje. Ela trabalhou por 28 anos como professora até dedicar-se integralmente à literatura. Entre as suas obras, a maioria de contos e poemas, destacam-se O Homem da Mão Seca, O Coração Disparado, O Pelicano, A Faca no Peito e Filandras.