Em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta segunda-feira (10), o ministro da Justiça, Flávio Dino afirmou que a Polícia Federal (PF) vai abrir investigação para apurar o cometimento de ao menos dois crimes nos discursos feitos em ato do grupo Pró-Armas Brasil ocorrido neste domingo (9) na Esplanada dos Ministérios.
"Hoje pela manhã pedi ao diretor-geral da Polícia Federal que analise os discursos para verificar se houve ali o cometimento de mais crimes, mas sobretudo dois: incitação à prática criminosa e o outro se chama apologia de fato criminoso. É quando você enaltece, por exemplo, um traficante, quando enaltece o 8 de Janeiro, que já há uma definição jurídica de que foram atos criminosos e ilegais", disse Dino.
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Em seu discurso no ato, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) causou revolta ao comparar professores com traficantes e afirmar que os educadores são piores do que os criminosos.
"Prestem atenção na educação dos filhos. Tirem um tempo para saber o que eles estão aprendendo nas escolas, para que não haja espaço para professores doutrinadores tentarem sequestrar nossas crianças. Não há diferença entre um professor doutrinador e um traficante de drogas, que tenta sequestrar e levar nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa", declarou Eduardo Bolsonaro.
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O ministro ainda relacionou a "visão criminalizadora contra professores e a ciência" da extrema-direita à morte de Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que cometeu suicídio ao ser perseguido pela Lava Jato.
"O extremismo ideológico de direita mata. No sentido literal. A morte simbólica, da liberdade de pensamento, já é gravíssima. Mas, quando isso é levado à enésima potência resultou exatamente nisso: uma operação que, ao criminalizar segundo o Tribunal de Contas da União, um gestor universitário conduziu a uma tragédia", disse Dino, afirmando que está enviando as informações apuradas pelo TCU - de que não houve irregularidades nas contas da UFSC - para abertura de investigação da PF.
"E eu fico espantado quando eu vejo. A decisão do TCU foi na quinta-feira e ontem um político vai atacar quem? Os professores novamente. Será que essa gente não aprende, que cada discurso proferido produz consequências. Exatamente no estímulo a crimes. Então você procurar agredir, satanizar os professores é uma covardia. Uma deslealdade. Algo acanalhado. Exatamente quando 72 horas antes se mostrou onde esse tipo de pensamento conduz", afirmou.
Segundo Dino, atos como os que foram realizados pelo Pró-Armas "funcionam exatamente como um Cavalo de Tróia. Dentro vai esse conjunto de discrusos violentos, belicistas, preconceituosos".
"São fronteiras, que eu sempre digo, em que essa gente se esconde indevidamente atrás da liberdade de expressão. A pessoa pode dizer 'eu não gosto do Lula', mas não pode dizer 'eu não gosto do Lula e por isso quero dar um tiro nele'. Essa é a diferença entre liberdade de expressão e crime", afirmou.
Assista à entrevista no Fórum Onze e Meia