DEFESA DE BOLSONARO

Vice-PGR, Lindôra Araújo ataca Alexandre de Moraes para inflamar bolsonarismo

No dia em que o TSE, presidido por Moraes, pode determinar a inelegibilidade de Bolsonaro, Veja vaza documento em que a vice-PGR faz ataques desconexos ao ministro e defesa inacreditável de Mauro Cid e do ex-presidente.

Alexandre de Moraes e Lindôra Araújo.Créditos: Secom/STF
Escrito en POLÍTICA el

Linha auxiliar de Jair Bolsonaro (PL) dentro da Procuradoria-Geral da República, a vice-procuradora-geral Lindôra Araújo iniciou um levante com ataques desconexos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para inflamar apoiadores e aliados do ex-presidente.

No dia em que Bolsonaro deve ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - corte presidida por Moraes - à perda de seus direitos políticos, ficando inelegível pelos próximos 8 anos, a revista Veja trouxe como reportagem de capa o vazamento de um documento sigiloso em que Lindôra ataca o ministro do STF, tido como algoz do bolsonarismo - e sai em defesa das teses tresloucadas do ex-presidente.

No documento, endereçado a Moraes, Lindôra faz eco à tese bolsonarista de perseguição e diz que o ministro teria realizado uma "pesca probatória" - prática proibida utilizada durante a Ditadura para fazer buscas e incriminar críticos do regime - ao determina a prisão do ex-ajudante de ordens da Presidência, tentente-coronel Mauro Cid, e outros dois assessores de Bolsonaro: Max Giulherme Moura e Sérgio Cordeiro.

“Os elementos apontados são por demais incipientes a recomendar quaisquer diligências ou medidas em face dos investigados, sob pena de se validar a pesca probatória, à semelhança de outras investigações em curso no âmbito do Supremo Tribunal Federal”, escreveu a vice-PGR. Os três seguem presos e Cid deve depor novamente à PF nesta sexta-feira por determinação de Moraes.

Lindôra acusa Moraes de inflar as investigações sobre a fraude nas vacinas do clã Bolsonaro e usa outro termo da Ditadura para dizer que o ministro realiza "prisão para averiguação", uma medida também ilegal, que foi usada amplamente no regime admirado por Bolsonaro.

Em total disparate, a vice-PGR ainda minimiza os diálogos encontrados no celular entre Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, e coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Esta­do-Maior do Exército, que afirmava que garantiria o apoio da cúpula militar a um golpe de Estado.

Para Lindôra, trata-se de “uma simples troca de informações apenas e tão somente entre os interlocutores, sem contato com qualquer pessoa com condições de executar” um atentado à democracia.

“São posturas especulativas que poderiam ser encontradas nos dispositivos móveis de grande parte da população brasileira, sob o contexto de intensa polarização do debate político à época das eleições de 2022", emenda.

No documento, ela pede a libertação de Mauro Cid dizendo que “não há nos autos indícios concretos de que voltarão a delinquir”.

Encontros secretos

Remanescente do aparelhamento bolsonarista na PGR, Lindôra Araújo blindou o ex-presidente e seu clã em diversas ações que chegaram à instituição, desde os pedidos feitos a partir do relatório da CPI da Covid à atuação de empresários bolsonaristas que pregavam o golpe.

Em julho de 2022, às vésperas do início da campanha oficial, reportagem de Guilherme Amado, no Metrópoles, afirma que Bolsonaro teria mantido encontros secretos com a vice-procuradora-geral desde 2020, a quem prometeu inclusive a principal cadeira da PGR, após a saída de Augusto Aras.

Amigo de longa data, o deputado federal Alberto Fraga (Democratas-DF) foi quem teria apresentado a vice-PGR ao presidente em 2020, quando Lindôra ainda atuava como como coordenadora de Assessoria Jurídica Criminal na PGR.

À época, Lindôra conduzia inquéritos criminais a respeito de governadores de estados e havia o interesse do presidente nos casos de João Dória e Wilson Witzel, então governadores de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. E a partir desses encontros e da sugestão de interlocutores, Bolsonaro encaixou Lindôra na cúpula da PGR, juntamente com Aras.