Relatos chocantes de integrantes do grupo Patamo Alfa, do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), revelados por Aguirre Talento no portal Uol neste sábado (24), fortalecem a versão de que parte do Exército esteve envolvida nos ataques terroristas de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) às sedes dos três poderes no dia 8 de janeiro, na tentativa de desencadear um golpe de Estado.
O Batalhão de Choque foi acionado no início da tarde, quando os terroristas apoiadores de Bolsonaro avançavam sobre o Palácio do Planalto e o edifício-sede do Supremo Tribunal Federal (STF), após depredarem o Congresso Nacional.
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Primeiro-sargento Beroaldo José de Freitas Júnior, que estava no Planalto na chegada dos golpistas, afirma que os PMs pediram ajuda do Exército, quando foram obrigados a recuar devido à violência dos bolsonaristas.
"Ficamos obrigados a recuar mesmo contra nossa doutrina, pois fomos superados de forma desproporcional ao efetivo empregado, que era de 10 escudeiros, 02 atiradores e 03 operadores químicos. Durante o recuo nos aproximamos da guarita do Palácio do Planalto, onde um pelotão do Exército Brasileiro encontrava-se pronto e equipado; solicitei ajuda dos mesmos para nos auxiliar contra a turba, mas recebi a seguinte resposta 'não podemos atuar', insisti para que pelo menos abrisse a grade/portão de acesso para que o Pelotão de Choque pudesse se abrigar ali e diminuir, mesmo que de forma precária, o ataque ferrenho que enfrentávamos, e, novamente, recebi como resposta que não podiam nos ajudar", contou ele em relatório na Corregedoria da PM-DF.
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Em seguida, Beroaldo diz que teve que chutar uma grade de proteção do Planalto para abrigar a tropa e salvar os PMs de um "massacre certo" e relata que teve que ser duro com o comandante da tropa do Exército, apontando a "frouxidão" dos soldados diante do ataque da horda bolsonarista.
"Já na área (interna) do Palácio do Planalto, onde reorganizamos a tropa e nos salvamos de um massacre certo, com essa atitude, forçamos o Exército a combater os vândalos também. O confronto se intensificou, novamente, por volta das 15h30, momento em que nos cercaram no Palácio do Planalto: o Exército brasileiro acabara por abandonar a linha que anteriormente fizera ao lado do Patamo, uma vez que se afastaram para a retaguarda da tropa devido ao gás lacrimogêneo, por duas vezes isso ocorreu - diante do desespero que tomou conta da tropa do Exército - momento em que fui compelido a tomar algumas atitudes para o oficial à frente da tropa do Exército e falei em alta voz para que comandasse sua tropa e parasse de 'frouxura'", disse Beroaldo, que foi promovido a subtenente devido à sua bravura ao combater os terroristas.
"Reconheço que fora uma medida extrema, a fim de que essa incoerente apatia do oficial do Exército não contaminasse nossa tropa e fôssemos dominados pelo medo e desespero, o que resultaria consequências devastadoras e derrota certa", emendou.
Com informações do Portal Uol